
Wagner Santana, o Wagnão, 58 anos, foi reeleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para o triênio 2020-2023. A chapa única, encabeçada pelo dirigente, recebeu 97,7% dos votos válidos.
A apuração do 2º turno ocorreu ontem (26) pela manhã. Segundo o sindicato, mais de 50% dos cerca de 30 mil associados votaram na eleição virtual, a primeira nesse formato na história da entidade.
Além do presidente, foram eleitos no 2º turno os conselhos Executivo e Fiscal, que somam 27 integrantes.
A eleição no sindicato foi interrompida em março, antes da adoção das medidas de isolamento social, após a realização do 1º turno. Naquela oportunidade foram eleitos os 193 integrantes dos Comitês Sindicais de Empresa (CSEs) e os seis membro do Comitê Sindical de Aposentados. Todos integram a diretoria plena.
“Dentro das dificuldades do momento, com o distanciamento social e o metalúrgico afastado das fábricas, o resultado (quórum) foi bom. O trabalhador teve toda a facilidade para votar da melhor forma possível”, afirmou o presidente da comissão eleitoral, Wagner Luiz de Freitas.
Participaram da votação online o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho (PT) e o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), que iniciaram suas trajetórias políticas na presidência do sindicato.
A posse da nova diretoria deve ocorrer no próximo mês.
PERFIL
Trabalhador na Volkswagen, Wagnão assumiu o sindicato em junho de 2017 em substituição a Rafael Marques, que ocupava o cargo desde 2013.
Sob seu mandato, em abril de 2018, o sindicato ganhou os holofotes do país por dois dias ao abrigar Lula, antes de o petista se entregar à Polícia Federal para cumprir mandado de prisão expedido contra ele pelo então juiz federal Sérgio Moro.
Também em seu mandato, em fevereiro de 2019, a Ford anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo – a produção foi encerrada em outubro do mesmo ano. Cerca de 1,8 mil dos 2,8 mil trabalhadores da unidade foram demitidos. O imbróglio teve prosseguimento na semana passada, com o anúncio da venda da fábrica à construtora São José.
O momento da categoria é um dos mais delicados de sua história. Devido ao novo coronavírus, mais da metade dos cerca de 68 mil trabalhadores que compõem sua base (espalhada por São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) fecharam acordos amparados na Medida Provisória (MP) 936 com o objetivo de preservar empregos e minimizar os impactos da pandemia.
“Sinceramente não conheço outro momento na história dos metalúrgicos em que a classe trabalhadora estivesse em uma situação tão difícil, com tantas incertezas na cabeça, com tão pouca esperança e tanta gente com medo de perder o emprego”, escreveu Lula.
Entre as iniciativas apoiadas pelo sindicato durante a crise sanitária e econômica está a proposta de conversão das indústrias da região, de forma que passem a produzir itens essenciais ao combate à covid-19, como máscaras e respiradores.
O sindicato retomou ainda o apoio à adoção de um programa de renovação da frota, também defendido pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).