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Versão Sense manual dispensa requintes para ser a opção mais barata na linha Nissan Versa

Versão Sense manual dispensa requintes para ser a opção mais barata na linha Nissan Versa
Versão de entrada preserva a estética contemporânea da nova geração, mas despojamento se expressa nas rodas de aço e na iluminação halógena convencional. Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

LUIZ HUMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix

No nicho de sedãs compactos mais espaçosos e bem equipados disputado por modelos como GM Onix Plus, Volks­wagen Virtus, Fiat Cronos e Honda City, a Nissan é representada pelo Versa. A nova geração chegou ao Brasil em outubro de 2020 e passou a ser importada do México – antes, o modelo era produzido em Porto Real (RJ). Em todas as versões do Versa, motor e câmbio são os mesmos do Kicks, o 1.6 flex de quatro cilindros de 114 cavalos e 15,5 kgfm, associado ao câmbio manual de cinco marchas ou Xtronic CVT. Além da estética mais contemporânea que a da geração anterior, o Versa incorporou inovações em segurança, conforto e tecnologia, em boa parte concentra­das na configura­ção top de linha Exclusive CVT, com preço a partir de R$ 118.890 (no Estado de São Paulo, onde as alíquotas de ICMS são mais altas, custa R$ 122.870).

Porém, quem topa abrir mão do câmbio CVT e da maioria das novidades tecnológicas da nova geração pode levar para casa um Versa com o visual da atual geração pagando quase 23% menos – R$ 91.990 (R$ 95.070 em São Paulo). No caso, a configuração que oferece a etiqueta mais atraente é a Sense manual – a única do modelo sem o câmbio CVT.

Na atual geração, o Versa adota o conceito estético deno­minado pela Nissan de “geometria emocional”, caracterizado por linhas simples, mas que trans­mitem sensação de força. A frente é marcada pela grade V-motion característica dos atuais modelos da marca e pelos faróis em forma de asa. O teto tem estilo “flutuante” que acentua a si­lhueta aerodinâmica, com flui­dez semelhante à dos cupês.

Na traseira, as lanternas têm desenho que lembra pontas de flecha. Faróis e lanternas em LED da versão Exclusive dão lugar na Sense à iluminação halógena convencional, não há faróis de neblina e os espelhos externos permanecem na cor da carroceria, mas não incorporam as luzes de mudança de direção. Outra diferença fica por con­ta das rodas – as vistosas de alumí­nio aro 17 da versão mais cara cedem espa­ço a mo­delos de aço com 15 po­­­le­gadas e calotas integrais.

Por dentro, em todas as ver­sões, a linguagem de design da marca japonesa se expressa no painel de instrumentos estilo “asa deslizante”, que amplia a sensação de espaço. Todavia, os materiais de toque agradável na versão top de linha Exclusive viram plásticos duros na Sense.

Se, na estética, as diferenças são até discretas, em termos de equipamentos o despojamento da versão Sense é mais sensível. Toda a linha Versa vem equipa­da de série com seis airbags, direção eletricamente assistida, controles de estabilidade e tração, auxílio de partida em rampa, chave presencial com botão de partida, sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis e ar-condicionado. Os itens mais requintados ficam reservados à versão Exclusive, como acabamento premium dos bancos, ar-condicionado au­to­mático digital, apoio de braço central traseiro, antena estilo barbatana de tubarão, alerta de colisão frontal, detector de objetos em movimento, alerta de tráfego cruzado traseiro, monitoramento de ponto cego, GPS integrado e a tecnologia mais admirada do sedã, a eficiente Visão 360 Graus (que simula imagem aérea do veículo) integrada ao multimídia, também “emprestada” do Kicks. Na versão Sense, não resta quase nada disso.

Em termos de auxílio ao motorista, as ofertas se resumem ao sensor de estacionamento traseiro e ao auxílio de partida em rampa, relevante em um modelo com câmbio manual. O sistema multimídia Nissan Connect com tela sensível ao toque de sete polegadas é disponível de série apenas a partir da configuração Advance – na Sense, o espaço é ocupado por um singelo rádio AM/FM com entrada auxiliar, três conexões USB e Bluetooth.

Para quem se anima com a ideia de pagar cerca de R$ 30 mil a menos pelo Versa ao abrir mão do CVT e de alguns confortos, é bom ter em mente que o preço inicial de R$ 91.990 (R$ 95.070 em São Paulo) indicado no site da Nissan para a configuração Sense ma­nual vale somente para as cores Branco Aspen (a do modelo testado) e Preto Premium. Todas as outras disponíveis para a versão somam R$ 1.600 à fatura.

Existe ainda um Versa Sense com câmbio CVT, que acrescenta R$ 7 mil ao preço da manual – sai por R$ 98.990 (R$ 102.310 em São Paulo). Acima dela, há a versão intermediária Advance CVT, de R$ 106.790 (R$ 110.370 em SP), e a top de linha Ex­clu­sive CVT, comercializada por R$ 118.890 (R$ 122.870 em SP).

O peso da leveza

A segunda geração do Versa herdou do Kicks a mecânica. Porém, como o sedã é, em média, 40 kg mais leve que o SUV em versões equivalentes, além de ser mais baixo e ter melhor aerodinâmica, o elástico motor 1.6 16V aspirado entrega no Versa desempenho dinâmico mais interessante. No caso da versão Sense manual, são 57 kg a menos que a configuração Exclusive – totaliza 1.074 kg, ante 1.131 da top de linha. A redução de peso e a maior agilidade conferida pelo câmbio manual em relação ao CVT – que é mais lento nas respostas e entrega retomadas mais graduais – explicam o desempe­nho mais esperto da versão básica. O câmbio manual de cinco marchas oferece trocas fáceis, com engates relativamente curtos, e a possibilidade de antecipar as mudanças ajuda a quem gosta de andar mais rápido.

Porém, como diz o ditado, “não há almoço grátis”. Os quase R$ 30 mil economizados por quem descarta a versão Exclusive e opta pela Sense manual se fazem notar também no comportamento dinâmico. Embora o peso menor e o câmbio manual da versão Sense permitam aprovei­tar de forma mais instigante a for­ça do motor, os pneus de 15 po­legadas da Sense reduzem o conforto de rodagem proporcionado pelos de 17 polegadas que calçam a Exclusive. Os sacolejos são mais frequentes na configuração mais básica. Além disso, a ausência das tecnologias de assistência ao motorista, fartas na versão top de linha, demanda no Versa mais básico nível mais elevado de atenção e de estresse ao dirigir, seja no trânsito ou nas manobras de estacionamento. No final das contas, a versão mais barata e espartana do Versa é mercadologicamente justificá­vel e apresentada pelo fabricante com transparência e dignidade, sem “camuflar” as escolhas pelos itens de série mais simples que resultam na redução do preço.

A BORDO

O espaço interno sempre foi um ponto forte do Versa. A distância de entre-eixos de 2,62 me­tros resulta em um espaço interno equivalente ao de alguns sedãs médios e permite levar quatro pessoas confortavelmente – e até cinco, sem sacrificar demais o conforto no banco traseiro. Além de espaço generoso para as pessoas, o habitáculo oferece vários compartimentos para acomodar objetos. O porta-malas acomoda até 466 litros de carga, caracte­rísticas que fazem do Versa um dos favoritos entre motoristas de aplicativo e taxistas. A versão de entrada não tem encosto traseiro bipartido nem a possibilidade de alteração na inclinação do encosto traseiro, o que reduz sutilmente a capacidade do porta-malas – que é de 482 litros nas demais versões. O banco do moto­rista preserva a tecnologia que a Nissan chama de “Zero Gra­vity”, apresentada no Kicks. É confortável e tem ajuste de altura.

Em termos estilísticos, a proposta apresentada pelos desig­ners da Nissan para o sedã ganha no Versa Sense leitura mais espartana e desprovida de “firulas” tecnológicas da versão top de linha. São justamente as diferenças entre as versões Exclusive e a Sense – como a troca do multimídia Nissan Connect de sete polegadas por um modesto rádio AM/FM com entradas USB e Bluetooth – que revelam a personalidade do Versa mais básico: um inusitado contraste entre a modernida­de do ambiente com o aspecto “vintage” dos equipamen­tos. O pai­nel é simples, mas traz compu­ta­dor de bordo com o essen­cial em termos de dados.

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