As vendas de veículos novos no país registraram, em setembro, o melhor resultado deste ano e deram continuidade à recuperação do tombo causado pela pandemia de covid-19.
No mês passado, os emplacamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 207,7 mil unidades, segundo balanço divulgado ontem (2) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa as concessionárias.
O resultado é 13,3% superior ao apurado em agosto, mas 11,5% inferior ao de setembro do ano passado, o que sinaliza ritmo de vendas ainda inferior ao patamar pré-crise.
“A cada mês que passa observamos que o mercado vem retomando volumes e se readequando ao que se convencionou chamar de novo normal. Tanto que, apesar de ter o mesmo número de dias úteis de agosto (21), setembro teve vendas mais elevadas”, comentou Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.
De janeiro a setembro, a entidade contabiliza 1,37 milhão de veículos emplacados, com retração de 32,3% ante o mesmo período do ano passado.
A recuperação progressiva do setor levou a Fenabrave a revisar as projeções para o fechamento do ano. A previsão de queda de 36,4% nas vendas feita em julho foi corrigida para retração de 28,9%.
No segmento de carros e comerciais leves, as vendas somaram 198,8 mil veículos em setembro, aumento de 14,6% ante agosto, mas queda de 10,9% contra igual mês de 2019. No ano, a retração é de 32,9%, para quase 1,3 milhão de unidades.
“O mercado vem se recuperando desde julho, impulsionado pela manutenção da Selic em níveis baixos, pela queda de inadimplência e pela consequente melhora na aprovação de crédito, o que tem levado os clientes a voltar a tomar decisão pela aquisição de automóveis”, disse Assumpção Júnior. O presidente da Fenabrave destacou ainda o estímulo atrelado à própria pandemia, que tem feito as pessoas optarem pelo transporte individual, ao invés do coletivo.
A Fenabrave também atualizou a projeções para o segmento de carros de passeio e comerciais leves no fechamento de 2020 – de retração de 37,1% para queda de 29,4%.
PREÇOS
Pesa contra a recuperação do setor a valorização do dólar, que tem levado as montadoras a reajustar os preços dos veículos nacionais e importados zero-quilômetro em até 30%.
Segundo especialistas no setor, mesmo nos carros feitos no Brasil, o câmbio pode impactar até 70% do custo de um veículo. Além de elevar o preço de componentes importados, a alta da moeda americana encarece a produção local de autopeças, uma vez que commodities como aço, alumínio, vidro, plástico e borracha são cotados em dólar.