
O setor automotivo deu continuidade, em agosto, à lenta recuperação nas vendas de veículos novos após o tombo provocado pela pandemia de covid-19, mas segue distante dos patamares de emplacamento anteriores à crise sanitária, iniciada em março.
No mês passado foram comercializados 183,4 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 5,1% superior ao apurado em abril, segundo balanço divulgado ontem (2) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa as concessionárias. Ante agosto de 2019, houve baixa de 24,5%.
Agosto teve aumento no total de vendas mesmo com dois dias úteis a menos do que em julho (21, contra 23). Na comparação pela média diária, que busca tirar esse efeito, a alta é maior, de 15,1%.
“Apesar dos dias a menos de vendas, os emplacamentos tiveram alta, o que demonstra que o mercado vem retomando patamares mais elevados de volume e se ajustando ao novo normal”, avaliou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.
Apesar da recuperação do mercado observada após o choque da pandemia, o ritmo de vendas segue inferior ao pré-crise. No acumulado de janeiro a agosto, o total de 1,17 milhão de veículos emplacados representa retração de 35,0% ante o apurado no mesmo período de 2019 (1,79 milhão).
Em julho, a Fenabrave projetou queda de 36,9% nas vendas de veículos no fechamento de 2020, para 1,78 milhão de unidades. Uma nova previsão deve ser divulgada em outubro.
SEGMENTOS
No corte por segmentos, as vendas de carros e comerciais leves somaram 173,5 mil unidades em agosto, alta de 6,4% contra julho, mas redução de 24,8% ante o mesmo mês de 2019. No ano, o setor acumula quase 1,1 milhão de veículos vendidos, retração de 35,8%.
Assumpção Júnior explicou que uma conjunção de fatores contribuiu para que o mercado de automóveis e comerciais leves reagisse positivamente em agosto. “A manutenção da taxa Selic em níveis baixos, assim como a pandemia, têm estimulado a compra de carros para o transporte individual das pessoas. Além disso, os financiamentos ficaram mais acessíveis. Atualmente, o índice de aprovação cadastral é de quase sete para cada dez solicitações enviadas aos bancos”, afirmou.
O segmento de caminhões, por sua vez, vem sofrendo menos com a crise sanitária, graças à demanda do agronegócio, e sinaliza recuperação mais rápida. Prova disso é que, no acumulado do ano até agosto, o setor acumula queda menor nas vendas, de 15,6%.
Em agosto, porém, os emplacamentos de caminhões recuaram 15,2% ante julho, para 8,1 mil unidades, e 15,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
“O mercado de caminhões não foi melhor por conta do entrave na produção enfrentado pelas montadoras, que sofrem com a falta de componentes importados. Com relação ao crédito, há boas ofertas no mercado, com taxas de juros abaixo de 1%, e a aprovação é de sete fichas para cada dez solicitações. Com isso, já estamos operando com pedidos para o final do ano em alguns modelos, principalmente, de extrapesados”, disse Assumpção Júnior.