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Utilitário esportivo Tracker assume função estratégica na retomada das vendas da GM

Utilitário esportivo Tracker assume função estratégica na retomada das vendas da GM
Tracker ostenta aspecto aerodinâmico, reforçado pelos vincos em toda a carroceria, especialmente no capô. Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

LUIZ HUMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix

A nova geração do Tracker, lançada em março de 2020, foi uma das primeiras “vítimas” automotivas da covid-19. Devido às regras de isolamento social, a apresentação oficial foi desmarcada em cima da hora e o modelo foi revelado apenas na internet. De lá para cá, o mercado brasileiro encarou outro “efeito colateral” da pandemia: o desabastecimento de peças nas linhas de produção, notadamente, os chips. A General Motors foi uma das fabricantes mais prejudicadas, e a produção dos modelos da marca ficou parada por meses.

A marca, que liderava o mercado brasileiro até março de 2020, encarava um ano e meio depois a indigesta sexta posição – em agosto de 2021, obteve apenas 8.941 emplacamentos e ficou atrás de Fiat, Volkswagen, Toyota, Hyundai e Jeep. No final de setembro, com a retomada da produção em São Caetano e Grava­taí (RS), a reação apareceu, com a GM vendendo 17.072 unidades mensais para se posicionar em terceiro no ranking, superada ape­nas por Fiat e VW.

A retomada das vendas da marca está sendo protagonizada pelo hatch Onix, o sedã Onix Plus e o utilitário esportivo Tracker. Dentro da linha do SUV compacto, a versão top Premier Automático Turbo de 133 cavalos tem a função de explicitar as me­lhores virtudes.

O Tracker herdou a plataforma GEM, desenvolvida na China em parceria com a Saic e adotada também no Onix e no Onix Plus. Em termos de estilo, o Tracker ostenta aspecto aerodinâmico, reforçado pelos vincos em toda a carroceria, especialmente no capô. Na traseira, o aerofólio integrado com o brake light reforça a esporti­vidade. Embora use a mesma plataforma do Onix, o SUV traz bitolas mais largas e novo subchassi dianteiro, além de ser o primeiro da família compacta a ter rodas aro 17.

A configuração Premier ostenta uma série de prerrogativas na linha Tracker – e, por isso mesmo, não oferece opcionais. É a única que traz rack de teto, rodas aro 17 diamantadas de cinco furos, lanternas com assinatura de LEDs e faróis full-LED, integrando luzes diurnas e de conversão em manobras. As linhas de LED do para-choque, que são apenas luzes diurnas nas outras versões, têm a função de seta na Premier, diferenciando-se também por de­talhes acetinados na base dos para-choques e de frisos e maçanetas com acabamento cromado.

Por dentro, a versão top de li­nha traz bancos em revestimen­to sintético que imita couro, de­talhes em azul marinho no painel, nos bancos e nas portas e de inscrições “Premier” nos tapetes e soleiras das portas. A lista de equipamentos inclui sistema de estacionamento automático, alerta de ponto cego, alerta sonoro e visual de distância do carro à frente com frenagem automática de emergência, monitoramento de pressão dos pneus, retrovisor fotocrômico, chave pre­sencial e partida por botão, carregador de celular por indução e a central MyLink de oito polegadas, que oferece Wi-Fi nativo com chip de internet 4G da Claro. Toda a linha Tracker traz seis airbags – frontais, laterais e de cortina.

Ainda há o sistema OnStar, que oferece ajuda para quem procura pontos de interesse não co­nhecidos ou em caso de acidente. A partir da linha 2022, o Tracker passou a ter espelhamento sem fio para Apple CarPlay ou Android Auto – recurso ainda incomum mesmo em modelos de luxo.

A versão top de linha do Tra­cker estreou o motor 1.2 flex de três cilindros da família CSS Prime, com turbocompressor mas sem injeção direta, produzido em Joinville (SC). Entrega 133 cavalos e 21,4 kgfm quando abastecido com etanol e trabalha associado a um câmbio automático de seis marchas. As versões mais baratas adotam o mesmo 1.0 tricilíndrico turbo flex de 116 cavalos e 16,8 kgfm apresentado na linha Onix, no ano passado, também sem injeção direta. O motor 1.2 vem sempre acompanhado da caixa automática de seis velocidades.

Como ocorre no Onix e no Onix Plus, o Tracker não tem borboletas para trocas sequenciais das marchas. Os botões “+” e “–” na alavanca servem para trocas ma­nuais e para limitar a maior marcha disponível no modo “L” do câmbio – funciona como freio-motor, evitando que a transmissão vá para as marchas mais altas em longas descidas, por exemplo. No trânsito urbano, o sistema start-stop cumpre a função de racionalizar o uso de combustível. Na recentemente liberada tabela de 2021 do Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro, o Tracker Premier Automático Turbo de 133 cavalos aparece com consumo de 7,7 km/l na cidade e de 9,4 km/l na estrada com etanol e de 11,2 km/l na cidade e de 13,5 km/l na estrada com gasolina, que rendeu nota “C” tanto na comparação relativa da categoria quanto na absoluta geral. O tanque de combustível do Tracker leva 44 litros e é um dos menores do segmento – só supera os 41 litros do Nissan Kicks.

No embalo dos aumentos de preço que se alastram pela economia brasileira, a versão Premier Automático Turbo de 133 cavalos do Tracker parte atualmente de R$ 141.790. Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima e São Paulo têm variações de preço decorrentes da tributação local. A configuração Premier está disponível também em versão com motor 1.0 turbo de 116 cv, que é R$ 9.240 mais barata.

 

Retrato de família

O “parentesco” do novo Tra­cker com a linha Onix é evidente. Volante, itens do painel e mostradores analógicos do quadro de instrumentos são os mesmos do hatch e do sedã da GM – no SUV, as imagens da tela do computador de bordo são coloridas. A posição de dirigir oferece boa ergonomia e o volante tem ajuste de altura e profundidade. Os bancos dian­teiros também têm ajustes mecânicos de altura e profundidade, o encosto de braço tem estofamento e o banco traseiro recebeu descansa-braço central.

O mesmo tom azulado dos bancos é adotado na área das portas e na faixa central do painel, rara superfície de toque suave em meio à predominância de plásticos rígidos. A central multimídia tem tela de oito polegadas. Como no Onix, há uma porta USB dianteira e duas traseiras. O teto solar panorâmico com abertura elétrica é de série na versão Premier Automático Turbo e amplia a sensação de espaço a bordo. Wi-Fi nativo, parea­­mento sem fio para Apple Car­Play ou Android Auto e carre­­ga­dor de ce­lular sem fio ajudam a cativar aficionados por tecnologia.

AO DIRIGIR

O motor 1.2 turbo do Tracker é bem assessorado pelo câmbio automático de seis marchas, com o conjunto respondendo rapidamente às solicitações feitas pedal da direita. A disposição adicional proporcionada pelo turbo faz di­ferença em relação aos motores aspirados de potência similar. Disponível já a duas mil rotações, o torque máximo de 21,4 kgfm permite entregar arrancadas espertas. A transmissão tem passagens mais harmoniosas do que no Onix. O câmbio seria beneficiado por um modo Sport, e a ausência de borboletas para passagem manual das marchas também é sentida por quem aprecia condução mais esportiva.

No Tracker 1.2 Turbo, o ajuste bem sintonizado da suspensão oferece qualidade de rodagem superior à dos Onix, notadamente em relação às vibrações e ao nível de ruído. Os pneus aro 17 ajudam a absorver melhor as irregularidades do piso e a superar valetas e quebra-molas – o desempenho só não é melhor nesse aspecto porque a altura em relação ao solo de 15,7 cm é das menores entre os utilitários esportivos compactos.

Em compensação, a altura e a precisão do conjunto suspensivo contribuem para que o Tracker ofereça sensação de dirigir que se distancia do estilo tradicionalmente abrutalhado dos SUVs – o que é uma das características mais interessantes do modelo da GM. Nas curvas fechadas e em altas velocidades, a carroceria se inclina ligeiramente mais que a do Onix, mas sem afetar a sensação de segurança. O bloqueio eletrônico do diferencial dianteiro atua nos freios para ajustar a distribuição de torque nas rodas da frente e corrigir a trajetória no limite da aderência.

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