
Os trabalhadores da General Motors aprovaram, ontem (1º), acordo costurado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano com a direção da montadora que prevê a adoção de “layoff”, como é chamada a suspensão dos contratos de trabalho, na unidade do ABC por dois meses, prorrogáveis por igual período.
A votação foi realizada online. Pelo acordo, que visa manter os metalúrgicos em casa no período mais grave da pandemia do coronavírus e preservar os postos de trabalho, o layoff terá início no dia 13 de abril e prevê redução de 5% a 25% nos salários enquanto durar a suspensão dos contratos.
Entre os horistas, o acordo recebeu o “sim” de 5.257 trabalhadores, contra 261 que votaram “não”. Entre os funcionários do administrativo (mensalistas), 2.142 votaram pela aprovação do acordo e 42, pela rejeição.
“O layoff será adotado apenas se houver necessidade, até que a situação se normalize”, afirmou o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, em vídeo publicado no site do sindicato.
Pelo acordo proposto, os trabalhadores da produção com vencimentos até R$ 2.090 terão desconto de 5% no valor. De R$ 2.091 a R$ 5 mil, o corte será de 10%. Quem ganha entre 5.001 e R$ 10 mil receberá 85%. De R$ 10.001 a R$ 20 mil, o desconto será de 20%. Por fim, vencimentos acima de R$ 20 mil terão redução de 25%.
O acordo também estabelece regime de home office para os funcionários do administrativo. Para esse grupo haverá redução de uma hora por dia na jornada diária, com desconto de 12,5% nos salários; e de duas para os que ocupam cargos executivos, com desconto de 25% nos vencimentos.
Cidão lembrou que, nos casos de negociação que implicam em acordos com redução de jornada, a legislação permite que haja redução de até 25% dos salários, mas sem diferenciação por faixa salarial. “Porém, não seria justo que as pessoas que recebem salários menores estivessem inseridas no mesmo contexto de redução dos trabalhadores com salários acima de sua faixa de rendimentos. Por isso, (decidimos pela) criação de uma tabela progressiva de descontos, com vistas a minimizar as dificuldades dos que recebem menos”, disse Cidão.
Os trabalhadores estão em férias coletivas desde a última segunda-feira (30). Segundo a GM, a medida foi adotada para ajustar a produção à demanda prejudicada pela pandemia. A medida deve valer até o dia 12. A unidade de São Caetano emprega cerca de 8 mil pessoas.
O acordo também prevê o adiamento dos investimentos previstos para a unidade. No início do ano passado, a GM cogitou encerrar suas operações na América do Sul, mas recuou ao receber incentivos do governo do Estado e da Prefeitura de São Caetano. Em seguida, anunciou aportes de R$ 10 bilhões nas plantas paulistas.