Morreu na manhã de ontem (27), em São Paulo, o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, amigo e assessor do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), assassinado em janeiro de 2002 após ter sido sequestrado quando os dois estavam juntos em um carro. Silva estava internado em um hospital na zona leste da Capital paulista. Sombra enfrentava um câncer havia cerca de dois anos.
Próximo de Celso Daniel e com bom trânsito na Prefeitura de Santo André, Silva foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo de envolvimento na morte do petista, como mandante do crime. Sombra sempre negou. Suspeitava-se de que a morte de Celso Daniel tivesse relação com esquema de pagamentos de propina a políticos e agentes públicos de Santo André, que envolveria, ainda, o empresário do setor de transportes Ronan Maria Pinto – recentemente, preso preventivamente e depois solto na Operação Lava Jato.
Para a Polícia Civil, diferentemente do Ministério Público, o ex-prefeito foi vítima de crime comum (sem motivações políticas). À época, seis homens foram presos e um adolescente, apreendido. Os adultos foram julgados e condenados em júri popular.
No processo sobre a morte de Celso Daniel, Silva chegou a ficar preso preventivamente por cerca de sete meses e acabou solto por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) de 2004. A defesa do empresárioa apontou, à época, o que considerava ser uma série de nulidades no processo criminal. Silva não chegou a ser julgado pelo homicídio do prefeito andreense.
Corrupção
Em novembro de 2015, Silva foi condenado em primeira instância por envolvimento no esquema de corrupção que teria funcionado no segundo mandato de Celso Daniel, a partir de 1997. A pena foi de 15 anos, 6 meses e 19 dias de prisão em regime fechado pelos crimes de concussão (exigência de cobrança indevida) e corrupção passiva. Silva recorria da sentença em liberdade. A mesma pena foi aplicada a Pinto.
Roberto Podval, advogado de Silva, afirmou na ocasião que não havia provas de que tivesse contribuído com qualquer tipo de corrupção. Ronan Maria Pinto também negou envolvimento. De acordo com a denúncia, Silva e outro membro de grupo, o ex-secretário municipal Klinger Luiz de Oliveira Souza, exigiam pagamento mensal de donos de companhias de ônibus que atuavam em Santo André, sob a ameaça de terem seus contratos com a prefeitura suspensos.
A “mensalidade” cobrada pelo grupo era de R$ 500 por ônibus em circulação, segundo a denúncia. Somente de uma empresa os réus teriam recebido, em quatro anos, cerca de R$ 2 milhões. Em 1º de abril deste ano, a Lava Jato deflagrou sua 27ª fase, batizada de Carbono 14, e se aproximou das investigações de Santo André. Ronan Maria Pinto – hoje dono do jornal “Diário do Grande ABC”- foi preso preventivamente sob suspeita de ter sido o destinatário de R$ 6 milhões vindos de um empréstimo fraudulento contraído por José Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, e o Banco Schahin.