A retomada dos embarques de automóveis e caminhões deu impulso às exportações do ABC. Nos cinco primeiros meses deste ano, os sete municípios embarcaram US$ 2,06 bilhões, montante 12,95% superior ao US$ 1,82 bilhão enviado no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Somente em maio, as vendas externas do ABC somaram US$ 502,7 milhões, montante 25% superior ao obtido no mesmo mês do ano passado (US$ 402,2 milhões) e resultado mais expressivo desde o de julho de 2015 (US$ 538 milhões).
Entre janeiro e maio, as receitas obtidas com a venda de veículos ao exterior somaram US$ 924,5 milhões, o que equivale a quase 45% do total comercializado pela região com outros países.
Principal pauta exportadora da região, as receitas com o embarque de automóveis e comerciais leves e pesados oriundas de São Caetano (GM) e São Bernardo (Volks, Ford, Mercedes-Benz e Scania) cresceram 23,2% no acumulado do ano até maio.
O aumento reflete acordos comerciais recentemente fechados ou revisados – o mais recente com a Colômbia, em abril – e o esforço das montadoras para compensar o mercado interno fraco e reduzir a ociosidade, na casa de 70%.
Um exemplo é a VW, que registrou aumento de 63% no envio de veículos ao exterior de janeiro a maio ante igual intervalo de 2016. Com 71 mil unidades, respondeu sozinha por quase um quarto dos 307,6 mil veículos exportados pelo setor automotivo brasileiro no mesmo período.
Outra montadora da região que se beneficiou foi a Scania. No mês passado, a empresa anunciou a abertura de 500 vagas de emprego com o objetivo de reforçar a produção para atender ao mercado externo, que atualmente representa 70% dos veículos fabricados pela unidade, ante 30% em 2014.
“As exportações são uma válvula de escape para as indústrias do ABC, principalmente para os fabricantes de automóveis e autopeças, em meio a um mercado interno que ainda dá sinais muito tímidos de recuperação”, comentou Ricardo Balistiero, mestre em Economia e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia.
Entre os bens intermediários, os embarques de autopeças produzidas nos sete municípios avançaram 6,4%, para US$ 506,1 milhões, no acumulado janeiro-maio, enquanto o envio de insumos industriais (usados na fabricação de outros produtos) caiu 11,6%, para US$ 313,8 milhões, no mesmo período.
Dois dos sete municípios aumentaram os embarques nos cinco primeiros meses deste ano. Em São Bernardo houve crescimento de 20%, para US$ 1,5 bilhão – a cidade responde por 73% das exportações do ABC. Em Diadema, a alta chegou a 45%, para US$ 113,1 milhões – graças, principalmente, ao avanço de 150% nas vendas externas de máquinas e equipamentos.
Ao direcionar o foco para mercados além-fronteiras, o parque fabril da região ganha fôlego enquanto espera pela retomada da demanda doméstica. “O perfil industrial torna mais difícil a recuperação do ABC. Porém, as exportações de veículos podem ser uma saída, pelo efeito multiplicador que o setor automotivo tem sobre os demais”, disse o economista Jaime Vasconcellos, da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Importações
As compras internas também cresceram no ABC entre janeiro e maio. Houve alta de 12,2% ante o mesmo período de 2016, para US$ 1,5 bilhão. Assim, a balança comercial da região teve superávit (exportações superiores a importações) de US$ 600 milhões.