Puxada mais uma vez pelo mercado interno, que continua aquecido, a produção brasileira de veículos registrou em outubro o melhor resultado para o mês desde 2014, e que só não foi mais expressivo devido à desaceleração nas exportações.
Deixaram as linhas de montagem 263,3 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em outubro, volume 17,8% superior ao de setembro e 5,2% acima do produzido no mesmo mês do ano passado, segundo dados divulgados ontem (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras.
No ano, já foram montadas quase 2,5 milhões de unidades, crescimento de 9,9% sobre o produzido nos dez primeiros meses de 2017. Para o fechamento do ano, a Anfavea projeta crescimento de 11,1%.
A boa notícia veio do mercado interno, que emplacou 254,7 mil veículos em outubro, alta de 19,4% ante setembro e de 25,6% contra o mesmo mês do ano passado. Trata-se do melhor desempenho desde dezembro de 2014.
O presidente da Anfavea, Antonio Megale, destacou o maior número de dias úteis de outubro (22, contra 19 no mês anterior), mas enfatizou que o mercado surpreendeu, ao dar de ombros para as eleições.
“Havia incerteza sobre como o cenário eleitoral afetaria o mercado, mas tivemos boa surpresa. Outubro já é um mês sazonalmente forte, mas veio muito forte”, disse Megale, ao destacar que o setor, gradualmente, começa a retornar aos patamares de venda pré-crise.
“Após período longe (das concessionárias), o consumidor parece determinado a trocar seus veículos”, prosseguiu o executivo, ao ressaltar que o setor retomou o patamar diário de 11,5 mil emplacamentos.
O cenário é ainda mais expressivo no segmento de caminhões, que registrou quase 8 mil emplacamentos em outubro, alta de 17,7% ante setembro e de 57% contra o mesmo mês do ano passado. No ano, o aumento é de 50,2%, para 60,7 mil unidades.
“Também foi o melhor mês de caminhões desde dezembro desde 2014, graças ao agronegócio”, comemorou Megale.
DECEPÇÃO
No sentido contrário, o executivo destacou que as exportações voltaram a cair em outubro – 1,8% ante setembro e 37,3% ante o mesmo mês do ano passado – puxadas pela queda nos embarques para México e Argentina, que vive crise cambial. O presidente da Anfavea lembrou que as montadoras têm se esforçado para buscar outros mercados, em especial Chile e Colômbia, mas não será possível compensar integralmente a perda de receita com os “hermanos”.
A entidade projeta queda de 8,6% nas vendas externas no fechamento do ano, depois do recorde obtido em 2017. “Infelizmente, a gente ainda não conseguiu alinhar crescimento entre Brasil e Argentina. Antes, eles estavam melhores e nós, um pouco atrás. Agora, estamos melhorando e eles, não tão bem”, lamentou Megale.
O nível de emprego no setor caiu 0,7% entre setembro e outubro, para 112,1 mil trabalhadores. Contra o total de pessoal do mesmo mês de 2017, houve crescimento de 2,5%.