Com o projeto de criação de partido próprio adiado para 2021, os seguidores do presidente Jair Bolsonaro vão tentar a sorte nas urnas este ano por siglas conservadoras de direita que aceitaram servir de abrigo provisório do bolsonarismo até que a Aliança pelo Brasil saia do papel.
O PRTB do vice-presidente Hamilton Mourão, o PTB de Roberto Jefferson, o Republicanos do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o Patriotas foram os partidos que mais apostaram em bolsonaristas para as eleições municipais, segundo Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança. Há também aliados do presidente disputando pelo DEM em algumas cidades.
Apontado pelo Ministério Público de São Paulo como operador de um esquema de fakenews no suposto gabinete do ódio da Assembleia Legislativa de São Paulo, o ativista Edson Salomão, chefe de gabinete do deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (sem partido) e presidente do Movimento Conservador vai disputar uma cadeira de vereador na capital paulista pelo PRTB.
Garcia, que foi expulso do PSL, teria permitido que Salomão utilizasse o equipamento público da Alesp para atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e adversário políticos, entre eles a deputada Joice Hasselmann.
Assim como ele, a maioria dos líderes conservadores da ala mais radical dos movimentos pró-Bolsonaro decidiram ir às urnas em 2020 pela legenda, que aposta em integrantes de grupos como Avança Brasil, Movimento Conservador e Nas Ruas, além de youtubers, influenciadores digitais e políticos ligados a deputados do PSL que ficaram isolados na sigla após a saída do clã Bolsonaro.
Entre as apostas do PRTB em São Paulo está Ricardo Rocchi, manifestante do movimento “Tomataço” – que foi proibido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes de chegar a menos de 200 metros de qualquer ministro da Corte. Além dele, Bruno Zambelli, irmão da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), o blogueiro Ricardo Santis, conhecido como “Conservador de Topete”, e Juliana Kohan, do grupo Mulheres com Bolsonaro.
Nas contas do presidente do PRTB, Levy Fidelix, o partido terá 77 candidatos a vereador. “Destes, 30 são bolsonaristas, sendo alguns deles ligados ao Gil Diniz e ao Eduardo Bolsonaro. Sem o Aliança eles se agasalharam aqui”, acrescentou.
Conhecido pelo bordão do Aerotrem, Fidelix vai disputar a Prefeitura paulistana e diz que será o único bolsonarista na campanha. “O bolsonarismo tem pelo menos 20% dos votos na capital. Eles não têm opção. Você acha que vão votar na Joice Hasselman? No Mamãe Falei? Não tem saída. Só eu sou Mourão e Bolsonaro”,enfatizou o presidente do PRTB.