Rogério Ceni aposentou-se do futebol há quase um ano, com um jogo de despedida pelo São Paulo. O clube e o maior ídolo, porém, jamais se separaram. Ontem (24), o ex-goleiro teve seu retorno confirmado, agora como técnico da equipe para as duas próximas temporadas.
Desde sua despedida, o ex-camisa 1 procurou se especializar e nunca escondeu o desejo de assumir o cargo de técnico no Tricolor, pelo qual jogou por 25 anos.
Neste período, fez cursos de níveis um e dois promovidos pela Federação Inglesa de Futebol e também se encontrou com técnicos europeus, como o italiano Claudio Ranieri, do Leicester, e o alemão Jürgen Klopp, do Liverpool, além de estagiar com o argentino Jorge Sampaoli, do Sevilla, onde ficou uma semana.
Os dois cursos em Londres possibilitam apenas empregos em “clubes amadores locais, de juniores ou seniores”, segundo a 1st4sport, empresa responsável pela capacitação.
Os cursos, porém, são considerados pré-requisitos para candidatos a técnicos se matricularem no da Uefa, o mais conceituado da Europa, que permite dirigir times profissionais, grande objetivo de Ceni.
No Brasil, não é preciso ter um curso específico de técnico de futebol, de acordo com o sindicato dos treinadores do Estado de São Paulo.
A partir de 2019, no entanto, será necessário que os profissionais realizem cursos para assumir a função.
Na primeira parte do ano e após o curso em Londres, realizado no segundo semestre, Ceni continuou acompanhando jogos do São Paulo.
De acordo com pessoas próximas, o ex-goleiro procurava ir disfarçado ao Morumbi para não ser reconhecido e evitava aglomerações – chegava com 15 minutos de jogo e saía 15 minutos antes do fim.
Quando retornou da Inglaterra, no início de novembro, instalou-se por uma semana no Centro de Formação de Atletas de Cotia. Lá, observou equipes sub-15, sub-17 e sub-20 e trocou informações de metodologia de treino usada por técnicos europeus.
No período na Europa, Ceni elogiou o alemão Jürgen Klopp e o argentino Jorge Sampaoli, que têm preferências por armar times que jogam com muita intensidade, velocidade e ofensividade durante o tempo todo.
O argentino, inclusive, gosta de jogar com um goleiro adiantado, característica de Sidão – ex-Audax e atualmente no Botafogo –, que foi contratado nesta semana pelo São Paulo para 2017.
“Ceni elogiou muito o trabalho do Klopp. Por isso, acredito que o Rogério vai implementar um jogo ofensivo, com o estilo da escola do São Paulo”, disse André Jardine, técnico do sub-20 do clube.
Apoio
Ex-companheiros acreditam no sucesso de Rogério Ceni na nova carreira. Campeão mundial de clubes em 2005, o ex-atacante Amoroso afirmou que Ceni já exercia o cargo de treinador dentro de campo.
“(Ceni) sempre foi um líder, tinha esse espirito. Até pela sua experiência, enxergava o jogo de forma diferente e já exercia a função de técnico dentro das quatro linhas”, disse o ex-jogador de 42 anos.
Grafite, outro que fez parte do elenco campeão, disse acreditar que o novo treinador são-paulino terá um pouco de dificuldade no início porque a “transição de jogador para técnico não é fácil”.
“Precisa ter jogadores de qualidade, porque a torcida exige time forte e o clube vive jejum de títulos”, afirmou.
A montagem de um elenco forte foi uma das exigências. Segundo pessoas próximas ao ex-goleiro, Ceni pediu que o grupo de jogadores fosse reforçado para 2017.