O diretor-presidente do Instituto Acqua, Ronaldo Querodia, afirmou ontem (23) em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga possíveis irregularidades no Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo (Imasf), de São Bernardo, que apenas em 2014 – durante gestão do ex-superintendente Valdir Miraglia –, a autarquia municipal desembolsou cerca de R$ 5,2 milhões em procedimentos com parecer negativo da auditoria médica, à época sob responsabilidade da Acqua.
De acordo com Querodia, o setor responsável pelo encaminhamento de gastos orientava por alternativas, materiais e procedimentos menos custosos, mas em muitos casos a indicação não era acatada pelo instituto. “Orientávamos pela internação domiciliar, por exemplo, e alguém ia e dava uma ‘canetada’ autorizando internação no AC Camargo, com custo de R$ 15 mil ou R$ 20 mil por mês. Isso foi virando uma bola de neve”, disse.
“Foram pedidos de procedimentos negados e que se concretizaram por meio de intervenção administrativa posterior. Alguns por meio de liminar”, prosseguiu. De acordo com Querodia, alguns procedimentos colocados em prática mesmo com parecer negativo chegavam a custar quase R$ 800 mil.
Durante seu depoimento, o diretor-presidente do Instituto Acqua também questionou a fala da atual superintendente do Imasf, Glória Konno, que, durante oitiva, sustentou ter encerrado contrato de aproximadamente R$ 12 mil anuais com a Acqua, e transferido a gestão dos mesmos serviços de saúde e de auditoria à Fundação ABC, por valor inferior.
“O ambulatório que a Fundação toca hoje somente será igual ao que o Acqua tocava se produzir 5,4 mil consultas por mês, for responsável por 40% de toda a produção ambulatorial do Imasf, custar algo em torno R$ 38 por consulta, oferecer 58 especialidades médicas e fazes 300 cirurgias ambulatoriais por mês, o que eu duvido. O que foi feito foi cortar despesa para chegar na receita. Foi dito aqui que diminuiu o valor do contrato para o mesmo serviço, o que não é verdade”, disse.
Questionado sobre o pedido de quebra de sigilo bancário de Miraglia, o diretor da Acqua afirmou desconhecer qualquer tipo de repasse irregular feito ao ex-superintendente. Sobre os processos que o instituto enfrenta no Ministério Público (MP) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE), Querodia afirmou que a empresa entrou com recursos e ainda aguarda o resultado.
Novos depoimentos
Na próxima segunda-feira (28), a CPI do Imasf ouvirá mais três depoentes em sessão marcada para às 15h. A primeira a prestar depoimento será a diretora Administrativo e Financeiro da autarquia, Miriam Melo. Às 16h, será ouvido responsável pela contabilidade do Imasf, José Ortega, e, por fim, participarão da oitiva os representantes da auditoria Galloro e Associados, responsável pelo relatório que apontou rombo de R$ 62 milhões no instituto durante comando de Miraglia. O relatório final elaborado pela CPI deverá ser finalizado até o dia 14 de dezembro.