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Quarentena derruba letalidade do trânsito no ABC, mas flexibilização acelera número de acidentes

Quarentena derruba letalidade do trânsito no ABC, mas flexibilização acelera número de acidentes
Total de mortes é o menor para o período janeiro-agosto desde a criação do Infosiga, mas registro de acidentes vem crescendo desde maio

A quarentena adotada des­de 24 de março no Es­­tado de São Paulo para diminuir o contágio pelo no­vo coronavírus reduziu o número de mortes no trânsito do ABC ao menor patamar desde 2015, mas a retomada gradual das ati­vidades econômicas fez acelerar o nú­mero de acidentes na região, a ponto de o indicador ter recuperado em agosto o pata­mar anterior ao da pandemia.

Ocorrências nas ruas, avenidas e rodovias do ABC fize­ram 92 vítimas fatais entre março, mês de início das medidas de isolamento social, e agosto. O total é 23,3% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado (120), segundo dados divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Infosiga SP, sis­tema ge­renciado pelo progra­ma Respeito à Vida que publica mensalmente estatísticas de aci­­den­tes de trânsito no Estado.

Entre janeiro e agosto, o trân­sito do ABC matou 123 pessoas, número 19,1% inferior ao apurado nos mesmos meses do ano passado (153). Tra­ta-se do menor pa­tamar para o período desde a criação do Infosiga SP, em 2015.

“O acumulado (de óbitos) no ano é decrescente e bastan­te positivo. Evidentemente, a pandemia teve influência na re­dução, uma vez que diminuiu o trânsito e o número de veículos e de pessoas nas ruas”, afirmou o diretor-presidente do Detran-SP, Ernesto Mascellani Neto, em entrevista ao Diário Regional.

Mascellani Neto destacou, porém, que a pandemia não explica sozinha a redução no nú­mero de mortes e ressaltou a importância do Infosiga SP no desenvolvendo políticas pú­­blicas mais consistentes pa­ra tornar o trânsito paulista me­nos violento. “Os dados do Infosiga SP permitem a pro­posição de intervenções viá­rias de sinali­zação, redução de velocidade e me­lhoria do asfalto, entre outras, que têm se mos­trado eficientes”, disse.

O Infosiga SP indica ain­da queda nas fatalidades em todos os modais durante a pandemia. Na comparação de março a agosto com o mesmo período de 2019, as ocorrências envolvendo motos lideram as estatísticas, mas o número de mortes caiu 25,9%, para 40. Óbitos de pedestres recua­ram 11,4%, pa­ra 31, e de moto­ristas de carro baixaram 45%, para 11.

FLEXIBILIZAÇÃO

Os dados do Infosiga SP, po­rém, também apontam aumento gra­dual do número de acidentes de trânsito no ABC à medi­da que o governo do Estado afrou­xa as medidas de isolamen­to social e permite a retoma­da das atividades econômicas.

Prova disso é que o número de ocorrências nas ruas, avenidas e rodovias do ABC subiu de 428 em abril para 497 em maio, 555 em junho, 622 em julho e 667 em agosto, o que fez o indicador praticamente voltar ao patamar anterior ao da pandemia, de 679 acidentes em fevereiro (veja gráfico acima).

“Trata-se de um movimento esperado, uma vez que há mais veículos e gente nas ruas”, minimizou Mascellani Neto. O diretor-presidente do Detran-SP lembrou que, no acumulado do ano até agosto, a comparação ainda é positiva – queda de 16,0% ante o mesmo período de 2019, para 4.777 acidentes.

SEMANA DO TRÂNSITO

Começou nesta sexta-feira e vai até o próximo dia 25 a Semana Nacional de Trânsito, principal ca­lendário do país dedicado à promoção de atitudes responsáveis nessa área. O Detran-SP realiza até a próxima sexta-feira 22 webinars envolvendo especialistas em trânsito, que deba­terão em várias frentes, como educação, inovação, serviços pa­­ra o cidadão e legislação.

“O trânsito ainda mata duas vezes mais do que os homi­cídios e são a principal causa externa de morte no Estado”, lembrou Mascellani Neto.

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