Protesto contra o governo e contra projetos do presidente Michel Temer terminou em confusão no final da tarde de ontem (29). Após mais de 12 mil pessoas se reunirem em frente ao gramado do Congresso Nacional (segundo estimativa da Polícia Legislativa), alguns manifestantes depredaram e picharam carros que estavam estacionados, tendo virado dois de ponta-cabeça -um deles um veículo da TV Record.
As polícias Militar e Legislativa, que faziam um cordão de isolamento, atiraram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para dispersar o ato. Um grupo chegou a virar banheiros químicos que estavam na região e um outro montou uma barricada num trecho da Esplanada para evitar a proximidade da polícia.
Alguns manifestantes mascarados atiraram coquetéis molotov e outros objetos contra os policiais. Agindo de forma diferente da de outras manifestações também violentas do passado, as polícias Militar e Legislativa avançaram para cima de toda a manifestação, com auxílio de bombas, o que obrigou o protesto a recuar para outras áreas da Esplanada.
Com o grito de guerra “fora, Temer”, o protesto reuniu sindicatos, índios, organizações de esquerda e movimentos sociais. Havia faixas contra a proposta de congelamento de gastos federais e contra a reforma do ensino médio, entre outros pontos.
Senadores e deputados de esquerda que foram acompanhar a confusão reclamaram da ação da polícia, afirmando ter havido uma repressão contra todos, inclusive os parlamentares. “Em 14 anos de parlamento nunca vi uma forma tão truculenta e tão leviana de tratar uma manifestação”, afirmou o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS).
Dentro do Congresso houve outra confusão na sessão do Senado que votava a PEC do teto, o que levou o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), a suspender momentaneamente os trabalhos.
A presidente da Confederação Nacional das Mulheres do Brasil, Gláucia Morelli estava na tribuna de imprensa e começou a gritar palavras de ordem e ataques contra a PEC do teto de gastos. Foi retirada a força por policiais legislativos.
Repúdio
Michel Temer repudiou os episódios de “vandalismo” e “destruição” durante o protesto. Em nota, ressaltou que a intolerância “não é forma democrática” e não pode ser “instrumento para pressionar” o Congresso Nacional. O presidente também lamentou os ataques feitos a veículos de imprensa. Um carro de uma emissora de televisão chegou a ser depredado e jornalistas foram hostilizados.