O Ministério Público espanhol pediu dois anos de prisão para Neymar por suposta fraude em sua transferência do Santos para o Barcelona, em 2013. Além da detenção, a Promotoria quer que o jogador pague multa de € 10 milhões (cerca de R$ 35 milhões).
O promotor José Perals solicitou também a prisão por cinco anos de Sandro Rosell, presidente do clube catalão na época da transferência.
Rosell é acusado de corrupção e fraude na assinatura do contrato do atacante com o fundo de investimentos DIS, que era dono de 40% dos direitos econômicos do atacante e se considera prejudicado com o negócio.
Caso o processo seja aceito pelo juiz nos próximos dias, o julgamento de Neymar na Audiência Nacional provavelmente será realizado apenas no ano que vem. Não existe previsão concreta de data.
A Audiência Nacional é um tribunal espanhol especial com jurisdição que julga casos como de terrorismo e crime organizado.
Procurada pela reportagem, a corte afirmou que possível decisão no caso de Neymar ainda poderia ser apelada em instâncias superiores, como o Supremo Tribunal.
A promotoria pediu também um ano de prisão para a mãe de Neymar, Nadine, sócia da N&N (empresa que fez o acordo com o Barcelona).
Também ontem, a DIS apresentou sua peça de acusação à Justiça na qual também pede a prisão de todos os envolvidos, incluindo Neymar Jr., Neymar pai, o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues e o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell.
A DIS alega que a família Neymar agiu de maneira corrupta e cobra também indenização ao Barcelona.
“O Barcelona e o jogador burlaram as normas da Fifa e alteraram a livre competição no mercado”, disse o diretor da DIS, Roberto Moreno.
Em sua ação, a DIS pede a prisão de Neymar por cinco anos. A empresa solicita ainda que o jogador fique impossibilitado de atuar durante o período da pena.
O advogado do fundo, Paulo Nasser, afirmou à reportagem que não pretende negociar um acordo. As ações da DIS e da promotoria espanhola são distintas, mas serão julgadas em conjunto.
“Para o DIS é uma questão de Justiça. Houve uma fraude, um estelionato”, disse.
Denúncia
A ação movida na Justiça espanhola havia sido arquivada, mas foi reaberta em setembro e a denúncia foi aceita pelo juiz da Audiência Nacional José de La Mata.
O juiz se baseou no contrato de € 40 milhões (em valores atuais, R$ 141,5 milhões) firmado entre Neymar e o Barcelona em 2011.
De La Mata diz que aquele acordo “alterou o livre mercado de contratação” e “impediu que o jogador entrasse no mercado conforme as regras da livre competição”.
Quando Neymar se transferiu para o Barcelona, o clube anunciou que havia pago € 17 milhões (R$ 60 milhões) pelo jogador do Santos, mas uma investigação conduzida na Espanha levou à descoberta de que o valor real era de € 86,2 milhões (cerca de R$ 305 milhões).
O Barcelona admitiu a fraude, resultando na saída de Rosell do clube, em 2014.
Foi baseado nessa investigação que, em junho de 2015, o DIS apelou à Justiça espanhola, alegando que havia sido passado para trás por Barcelona, Santos e Neymar.
Empresa minimiza
A assessoria de imprensa da NN Consultoria, que administra a carreira de Neymar, disse que “as partes ainda não foram notificadas sobre a abertura de acusação” e que “no período certo vão apresentar a defesa”.
“Continuamos tranquilos porque os contratos foram firmados com respeito aos preceitos legais, éticos e morais e com a ciência do Santos Futebol Clube e do FC Barcelona”, diz a empresa.
O Barcelona divulgou comunicado se dizendo inconformado com a denúncia. “A diretoria expressa surpresa com essa decisão, especialmente tendo em conta que o mesmo juiz havia decidido arquivar o caso”, diz o clube.
Procurado, Odílio Rodrigues Filho preferiu não se manifestar. O Santos não respondeu aos contatos da reportagem.