A crise econômica vai vitimar mais 40 empresas do ABC no fim deste mês. Alegando “falta de condições financeiras”, o Promomix Shopping, de São Bernardo, vai encerrar atividades e notificou os lojistas dando prazo de 30 dias para desocupar seus estandes.
“Fomos surpreendidos ao receber notificação extrajudicial enviada por um escritório de advocacia dando prazo até 31 de outubro para desocupar nossas lojas”, disse o proprietário de um dos estabelecimentos, que prefere não se identificar temendo represálias. “São 40 lojas que dão sustento a cerca de 60 funcionários e a 40 famílias”, prosseguiu.
Na notificação, enviada pelo escritório Mendes & Bichara e à qual o Diário Regional teve acesso, a Drei Administração Ltda. – empresa responsável pelo Promomix – informa que o uso dos estandes é regido por contrato de cessão temporária de espaço assinado em 20 de outubro de 2015, com vigência de 12 meses.
“Considerando-se que não há interesse, por parte da notificante, em renovar a avença contratual (…), vem notificá-lo de que o espaço deverá ser devolvido na data e horário fixados no contrato, livre de pessoas e objetos”, diz o documento.
O lojista, porém, entende que o pedido de devolução é arbitrário. “Formamos estoques para as vendas do Natal, mas agora simplesmente teremos de pegar nossas coisas e ir embora”, disse o dono do comércio, que está no Promomix há 19 anos e vai levar o caso à Justiça.
“Os lojistas sabiam previamente que o contrato tem prazo de vigência de 12 meses e que, ao final dele, se não houvesse interesse na manutenção da cessão, os espaços teriam de ser desocupados. Se fizeram estoques, é porque foram precipitados”, rebateu o advogado Alexandre Mendes Pinto, da Mendes & Bichara.
“Os contratos de cessão temporária não são regidos pela Lei do Inquilinato. Porém, mesmo que fossem é direito do locador retomar o espaço ao final da vigência”, disse.
O Promomix foi aberto em outubro de 1994. Com projeto arquitetônico próximo ao de um shopping, caracteriza-se pelo mix mais popular e pelos custos menores, o que aproxima os preços dos praticados no comércio de rua.
O lojista disse que, após período crítico de vendas entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro deste ano, o movimento dava sinais de recuperação. “A Arteb (indústria de autopeças situada ao lado) retomou a produção. A situação estava melhorando.”
“Vendíamos uma camisa num dia e a outra no dia seguinte”, ironizou outro lojista ouvido pela reportagem, destacando que recebeu a notificação com tristeza, mas que já pensava em fechar as portas. “Não compensava manter a loja aberta”, afirmou.
Varejo da região acumula até julho retração de 5,1% no faturamento
Dados do ACVarejo, pesquisa mensal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mostram que a trajetória de queda nas vendas do comércio do ABC continua.
O levantamento revela que o faturamento do varejo ampliado da região – que inclui veículos e materiais de construção – caiu 5,1% em termos reais (descontada a inflação) nos primeiros sete meses do ano em comparação ao mesmo período de 2015.
Os dados, porém, sugerem que o cenário pode começar a mudar nos próximos meses. Prova disso é que, na mesma comparação, a queda nas vendas foi maior em maio (-5,7%).
“Os resultados negativos de julho continuam a refletir a severa crise no varejo, mas esperamos a desaceleração das quedas até o final do ano, devido à base mais fraca de comparação”, afirmou o presidente da ACSP, Alencar Burti.
Essa noticia já era esperada. Tive loja nesse local e a ADM sempre foi péssima! Sorte dos lojistas saírem de perto dessa raça!