O consumidor vai demorar a perceber – ou, provavelmente, não perceberá – o impacto no bolso da redução nos preços dos combustíveis promovida pela Petrobras nas refinarias no último sábado (14). Na semana passada, antes do anúncio da estatal, a gasolina ficou quase 2% mais cara nos postos do ABC, segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados compilados pelo Diário Regional.
Tudo por culpa do etanol, que é adicionado à gasolina na proporção de 27% do total. Com a proximidade do fim da safra de cana de açúcar, o preço do renovável disparou e “empurrou” para cima também o derivado do petróleo.
Em uma conta simples, cada vez que o preço do etanol sobe R$ 0,10, o da gasolina é majorado em R$ 0,03.
Segundo a ANP, o renovável era vendido, em média, a R$ 2,488 o litro no ABC na semana passada, valor quase 5% superior ao apurado na pesquisa anterior (R$ 2,370), realizada entre os dias 2 e 8 de outubro. É o maior patamar desde meados de abril. Na mesma comparação, a gasolina ficou 1,94% mais cara e saltou da média de R$ 3,394 para R$ 3,460.
Só nas últimas quatro semanas, o etanol encareceu R$ 0,20 nos postos da região, em um movimento atribuído não só à proximidade do fim da safra da cana, mas também ao aumento nos preços do açúcar no mercado internacional, o que estimula as usinas a direcionar a produção para a commodity e reduz a oferta do renovável.
Gasolina vantajosa
Com a disparada nos preços do etanol, a gasolina voltou a ser mais vantajosa no ABC para os proprietários de veículos flex. O renovável passou a custar 71,9% do valor de seu concorrente.
O biocombustível só vale a pena se custar até 70% do valor da gasolina. De 70% a 70,4%, o uso é indiferente. A partir de 70,5%, a gasolina deve ser a escolhida.
O etanol era vantajoso nos postos do ABC desde o final de abril, ou seja, há 24 semanas consecutivas.
A redução promovida pela Petrobras (de 2,7% nas refinarias) deve demorar alguns dias para chegar aos postos, devido aos estoques. A estatal prevê redução de R$ 0,05 por litro, mas o Sindicato do Comércio de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) projeta recuo menor, de R$ 0,03.