O mercado brasileiro de planos de saúde médico-hospitalares perdeu quase 1,4 milhão de beneficiários em 2016, o que equivale a uma queda de 2,8% na comparação com o contingente de usuários existente em dezembro do ano passado. Os dados foram divulgados ontem (23) pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Em dezembro, o setor registrava 47,9 milhões de beneficiários em planos de saúde médico-hospitalares, contra 49,3 milhões no mesmo mês do ano passado. Ante novembro, houve queda de 5 mil beneficiários. Foi o segundo ano consecutivo de retração no segmento.
Somente no Estado de São Paulo, 630,3 mil beneficiários deixaram de contar com o plano de saúde médico-hospitalar. O número é maior do que a soma de vínculos rompidos nas demais regiões do Brasil e equivale a 46,1% do total de vínculos rompidos no país.
O movimento é reflexo da crise econômica, que levou o Produto Interno Bruto (PIB) nacional a dois anos consecutivos de retração. Nesse cenário, o desemprego aumentou e superou a casa de 12 milhões de pessoas procurando trabalho.
Muitos desempregados perderam o plano de saúde corporativo e entram na lista de pessoas que deixaram de ser beneficiárias de planos de saúde privados.
“Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o saldo líquido de empregos em 2016 ficou negativo em 1,32 milhão de postos de trabalho formais. Como os planos coletivos empresariais, aqueles fornecidos pelas empresas aos colaboradores, ainda representam a maior parte dos planos médico-hospitalares, é natural que o número de vínculos apresente retração junto com o saldo de empregos formais”, explicou em nota Luiz Augusto Carneiro, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
Carneiro destacou que o ano poderia ter encerrado com uma redução ainda maior no total de beneficiários. “Como o plano de saúde é o terceiro maior desejo do brasileiro, atrás apenas da casa própria e da educação, os beneficiários de planos de saúde, mesmo desempregados, optam por cortar outros gastos antes de romper o vínculo com a operadora.”
A região Sudeste puxou a queda do total de beneficiários de planos médico-hospitalares em 2016, com 1,1 milhão de rompimentos.
Odontológicos
Apesar da queda no número de beneficiários de planos de assistência médica, a quantidade de pessoas que tem acesso a planos exclusivamente odontológicos cresceu 3,8% em 2016.
Ao todo, 22 milhões de pessoas encerram o ano passado com plano odontológico, cerca de 815 mil a mais do que em dezembro de 2015.