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Pitada de ousadia: versão Z71 cumpre função de “aventureira” da picape S10

Pitada de ousadia: versão Z71 cumpre função de “aventureira” da picape S10
Faróis com máscara negra na dianteira; molduras, estribos e adesivos nas laterais; e capota marítima e lanternas escurecidas na traseira diferenciam a versão “aventureira” Z71. Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

LUIZ HUMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix

No segmento brasileiro das picapes médias, uma tendência em alta é a criação de configurações específicas para diferentes perfis de consumidor. Uma das maiores entusiastas dessa estratégia é a Ford, que atualmente oferece nove versões para a Ranger. Com essa tática, a picape tem conseguido ga­nhar participação de mercado nos últimos anos. Em outubro de 2021, foi a vez de a rival Ge­neral Motors apresentar a S10 Z71, configuração da picape média pensada para o momento “pós-pandemia”, em que as pessoas estão descobrindo novas formas de trabalhar e se divertir.

Criada internamente na Chevrolet dos Estados Unidos para designar veículos ligados ao “estilo aventureiro”, a denominação Z71 passou a ser adotada de 30 anos para cá em picapes e SUVs dentro do portfólio norte-americano da marca pertencente à GM. No site, a Z71 aparece com o preço de R$ 271.910 (que pode variar conforme as alíquotas de im­postos de cada Estado). A versão é ofertada em quatro opções de cor – Prata Switchblade (como a do modelo testado), Branco Summit, Azul Eclipse e Cinza Topazio. Suas concorrentes, com objetivos mercadológicos similares, são a Ranger Storm e a Nissan Frontier Attack.

A S10 Z71 parte da base da versão intermediária LT, mas se diferencia dela por 20 itens visuais e funcionais para tri­lhas fora-de-estrada, com des­taque para o vistoso conjun­to tubular de santantônio e es­tribos e pontos de amarração no interior da caçamba.

Na dianteira, o conjunto ótico tem faróis de máscara ne­gra contornados por LEDs. Os cromados dão lugar ao preto nos logotipos. A grade é toda escura com o nome “Chevrolet” em re­levo e o emblema “Z71” destacando no canto inferior direito. A cor preta aparece também no aplique central do para-choque, na capa dos retrovisores ex­ternos, nas rodas de alumínio de 18 polegadas e em acabamentos na traseira.

Na lateral, as molduras têm aspecto “flutuante” nos para-lamas, que parecem deixar o veículo mais largo e elevado em relação ao solo. A peça foi originalmente pensada para proteger a lataria, principalmente em trilhas de mata fechada. Os estribos servem de degrau para facilitar o embarque à cabine e ajudam a proteger a parte inferior contra o impacto de objetos durante o uso extremo. Ade­sivos contornando a base das portas e do compartimento de carga dão toque particular, enquanto o nome da versão surge nas extremidades laterais com a informação da tração 4×4.

A traseira tem capota ma­rítima, lanternas escurecidas, adesivo, “gravata” da Chevrolet em preto e ponteira do escapamento dupla. Na cabine, os apliques centrais do painel e os revestimentos das portas e do console são todos em preto para contrastar com os detalhes em cinza acetinado na cabine. Nos assentos de tons escuros foi utilizada uma técnica de costura inglesa que deixa os pontos aparentes, ressaltando as linhas brancas e vermelhas.

TURBODIESEL

Com a saída do motor 2.5 Flex da linha S10, no final do ano passado, restou à picape média apenas o 2.8 turbo­diesel, que gera 200 cavalos de potência a 3.600 rotações por minuto e 51 kgfm de torque a partir de 2 mil giros. A programação eletrônica da Z71 é igual à da versão “top” High Country, com a “aventureira” apresentando números iguais de desempe­nho no asfalto, com aceleração de zero a 100 km/h em 10,1 segundos e velocidade máxima de 180 km/h.

O consumo, segundo o In­metro, fica em 8,3 km/l na cidade e em 10,6 km/l na estrada. Todas as versões da S10 têm tração 4×4 e, naquelas com ca­bine dupla, o câmbio é sempre automático de seis marchas – o manual, também de seis velocidades, é oferecido só na despojada LS de cabine simples.

A nova configuração vem equipada com seletor eletrônico para ativação da tração 4×4 e da reduzida e controle de velocidade para descidas íngremes, recomendado para escorregamentos em ladeira com piso de baixa aderência. Como a Z71 tem proposta aventureira, a Michelin desenvolveu um pneu All-Terrain específico para a picape, pensado para aumentar a ade­rência em todos os tipos de terreno, com foco especial para a terra. Os pneus da Z71 contam com ombros mais espessos e volumosos, escudos nas laterais para maior proteção e são fabricados com uma composição de borracha mais resistente.

 

Consistência habitual

Para a imensa maioria dos motoristas brasileiros, acostumada a dirigir modelos compactos, um veículo do porte da S10 Z71 parece um pequeno caminhão. Porém, para quem está ao volante, a versão aventureira da picape da GM nem de longe parece ter seus 5,37 metros de comprimento, 1,82 m de altura e peso que beira as duas toneladas. O motor 2.8 turbodiesel de 200 cavalos e 51 kgfm se harmoniza bem com a caixa automática de seis velocidades. Juntos, gerenciam a força necessária para mover a picape, tendo como “trilha sonora” o ruído grave e a trepidação característicos – dos quais os fãs dos motores a diesel não abrem mão.

As passagens de marcha acontecem sem maiores solavancos. Nas manobras em ritmo mais lento, a direção elétrica facilita a interatividade com as rodas e é possível manobrar sem o uso da força física. No trânsito urbano, a sensação de olhar o trânsito “mais de cima” é tranquilizadora e transmite segurança. O acerto da suspensão é correto e privilegia o conforto, mesmo em pisos irregulares ou ao atravessar os tediosamente onipresentes quebra-molas das cidades brasileiras. Nas frenagens, devido à massa do veículo, é prudente reservar um bom espaço para permitir que seja atingida a imobilidade.

Quando a S10 Z71 atinge velocidades mais elevadas, o câmbio automático aproveita os fartos torque e potência do motor. O “turbolag” – tempo que o turbo demora para entrar em ação – é bem discreto, quase inexistente. Embora o ganho no velocímetro seja gradual, a Z71 mantém velocidades de cruzeiro elevadas sem aparentar esforço na sexta marcha de relação longa.

Em trechos sinuosos percorridos em alta velocidade, se detectam situações de iminente perda de controle da direção, os sistemas eletrônicos acionam os freios nas rodas adequadas para ajudar a reposicionar o veículo na direção correta. O assistente de partida em rampa é bastante funcional. No off-road, a Z71 encara trechos esburacados, subidas íngremes ou pisos de baixa aderência com desenvoltura graças à tração 4×4, acionável pelo botão giratório no console central.

Em trilhas com baixíssima aderência, a opção de tração integral reduzida ajuda a tirá-la de qualquer encrenca. Junto com os 22,8 cm de vão livre do solo, os pneus All-Terrain também cola­boram nos caminhos inóspitos.

A BORDO

A S10 Z71 é uma picape média espaçosa e recebe bem o motorista e os passageiros em seus vistosos bancos de couro sintético com costura verme­lha. O visual geral é simples e a única menção à versão está em apliques nas portas dianteiras. Há apliques prateados nas saídas de ar e alguns em preto brilhante nas portas e próximo ao câmbio. Como o assoalho traseiro é quase plano, mesmo quem viaja ali encontra bom espaço para pernas e pés.

O multimídia MyLink com Android Auto e Apple CarPlay tem tela de sete polegadas “touchscreen” e exibe as imagens da câmera de ré. O sistema de concierge OnStar oferece auxílio 24 horas e sete dias por semana. São seis airbags – frontais, laterais e de cortina.

Contudo, para a faixa de preços em que atua, a S10 Z71 parece um tanto simples demais. Falta algum “recheio” e alguns detalhes poderiam ser aprimo­rados. O ar-condicionado é ana­lógico e não tem saída para o banco traseiro. Faltam itens como acendimento automático dos faróis e chave presencial com botão de partida. Um sensor de ponto cego também seria bem-vindo. Como a atual geração da Chevrolet S10 foi apresentada em 2012 – a próxima deve vir até 2023 –, a idade do projeto se faz notar na ergonomia. Os bancos um tanto curtos acabam cansando o motorista em viagens longas. Como em toda a linha S10, o volante da Z71 tem apenas regulagem de altura, não de profundidade.

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