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Piloto omitiu situação de avião da Chape, diz investigação

Acidente com o voo da LaMia resultou na morte de 71 pessoas no último dia 29. Foto: Arquivo

Plano de voo irregular, omissão sobre a situação dos motores da aeronave e, principalmente, falta de combustível. Esses foram os fatores que causaram a queda do avião da LaMia que transportava a delegação da Chapecoense de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, a Medellín, na Colômbia, segundo relatório preliminar sobre o acidente divulgado ontem (26) pela Aeronáutica Civil da Colômbia.
Ocorrido no último dia 29, o acidente resultou na morte de 71 pessoas, entre as quais 19 jogadores e 24 membros da delegação do time catarinense.

Apenas seis pessoas sobreviveram: o lateral Alan Ruschel, o zagueiro Neto, o goleiro Jackson Follman e o jornalista Rafael Henzel, além de Ximena Suarez e Erwin Tumiri, que faziam parte da tripulação.

Segundo a investigação, a autonomia da aeronave apresentada pelo piloto Miguel Quiroga, morto no acidente, no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra era de quatro horas e 22 minutos, exatamente igual ao tempo de voo até Medellín. Regras internacionais determinam que o avião deveria poder voar ao menos mais uma hora e 45 minutos.

De acordo com o secretário da Aeronáutica da Colômbia, o coronel Fredy Bonilla, as gravações da cabine de comando mostraram que Quiroga e o copiloto Ovar Goytia conversaram sobre a possibilidade de fazer escala em Leticia (Colômbia) ou em Bogotá, “porque o avião se encontrava no limite de combustível”, mas desistiram.

A investigação aponta ainda que o piloto também não informou a gravidade da situação quando pediu à torre de controle a permissão para aterrizar. Além disso, Quiroga iniciou a descida sem notificar a torre de controle.

Ainda de acordo com o relatório, a quatro minutos do impacto com o chão o avião contava com apenas dois dos quatro motores funcionando.

O piloto, porém, só anunciou que estava com problemas por falta de combustível dois minutos antes do acidente. Um minuto antes, a aeronave perdeu contato com a torre.

“Quando faltavam quatro minutos (para a queda), a tripulação não reportou que a situação já era crítica. Logo depois, começou a desligar outro motor. A controladora pergunta se é necessário algum serviço especial em terra. Neste momento, a aeronave já tinha três motores fora (sem funcionar) e não reportou absolutamente nada. Ele responde que por ora não, que notificará mais adiante”, relatou Bonilla antes de fazer a conclusão do relatório.

“A causa do acidente foi o fim do combustível. Em uma rota na qual a quantidade de combustível e a autonomia não era a adequada, o voo não estava capacitado para ser realizado”, afirmou.

A investigação ainda aponta como causa secundária do acidente a aprovação do plano de voo da LaMia por parte das autoridades bolivianas. De acordo com os oficiais da Aeronática Civil da Colômbia, a Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (AASANA) “aceitou uma condição que era inaceitável nos planos de voo apresentados”.

Em apuração própria, o governo boliviano afirmou no último dia 20 que a empresa LaMia e o piloto Miguel Quiroga foram os responsáveis pelo acidente na Colômbia.

Além da falta de combustível e de o piloto omitir a emergência, o avião tinha sobrecarga de 500 kg, o que não é apontado como causa do acidente.

“O peso extra não foi fator determinante para o acidente. Há um fator humano referente à atuação da tripulação, dos despachadores e das pessoas que aprovaram o plano de voo na entidade encarregada na Bolívia”, concluíram as autoridades colombianas.

Goleiro Follmann 

Único sobrevivente da queda do avião da Chapecoense ainda internado, o goleiro Follmann passou por procedimento médico no Hospital Unimed de Chapecó, no domingo (25).

Segundo boletim médico sobre o estado de saúde do jogador, divulgado ontem, Follmann passou por operação para drenar hematoma que se formou no local da amputação da sua perna direta.

“O paciente foi submetido à drenagem de hematoma em coto de amputação do membro inferior direito com novo curativo na lesão no tornozelo esquerdo, sem intercorrências”, informou o boletim.

O jogador ainda precisará passar por cirurgia no pé esquerdo. A data do procedimento ainda não foi marcada, porque os médicos aguardam o fim do tratamento com antibióticos. Ainda segundo o boletim, Follmann continua fazendo sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia para ajudar em sua recuperação.

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