Para o governador do Amazonas, José Melo (Pros), “não tinha nenhum santo” entre os 56 presos mortos durante rebelião entre domingo (1º) e segunda (2) no maior complexo penitenciário de Manaus. “Não tinha nenhum santo. Eram estupradores, matadores”, disse à rádio CBN.
O massacre é apontado como resultado de uma disputa entre a FDN (Famílias do Norte) e o PCC (Primeiro Comando da Capital). A maioria dos mortos seria do PCC. Além dessa matança no presídio, outros quatro presos foram mortos em outra unidade do Estado, além de dezenas de fugitivos em meio a rebeliões no final de semana.
O governador culpou o tráfico de drogas e superlotações pela situação do sistema carcerário. “(A superlotação) é um problema comum a todos os Estados. Os recursos para a construção de novas prisões não foram na mesma velocidade que as secretarias de segurança agiram prendendo as pessoas. Então resultou nessa situação.”
Melo defendeu ainda a criação de um fundo nacional para financiar o trabalho das Forças Armadas no combate a entrada de drogas no país. “No caso do Amazonas, o é mais grave, já que em dois anos de governo, já apreendemos 21 toneladas de drogas, o que representa o quantitativo apreendido por todos os outros governos que me antecederam, e praticamente dobramos a população carcerária com prisões voltadas sobretudo para essa questão de tráfico de drogas”, pontuou.
Críticas
O governo Estadual do Amazonas rebateu críticas feitas pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, sobre a crise carcerária em Manaus. Segundo o governo amazonense, o governo federal compartilha de informações e participa de discussões sobre segurança pública no Estado. Moraes declarou em Brasília que o governo do Amazonas tinha informações sobre planos de fugas e que essas informações não foram compartilhadas com a União.
De acordo com o governo amazonense, desde outubro de 2016 o Estado mantem um Comitê de Gerenciamento de Crise do Sistema de Segurança Pública, com representantes estaduais e federais. “Ameaças de fugas e rebeliões são detectadas constantemente pelos órgãos de inteligência e do Sistema de Segurança Pública e sempre foram tomadas as providências necessárias. Em função delas que montamos um comitê em outubro”, declarou o secretário Estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes.
Para o governo do Amazonas, o massacre ocorrido no Estado não tinha a pretensão de ser apenas uma fuga, mas sim a execução de rivais, o que dificultaria a ação do governo. Ainda assim, o governo diz que apurará “supostas falhas” no sistema carcerário.
Suspeitos
A Polícia Civil do Amazonas afirma já ter identificado sete presos suspeitos de participar da rebelião. Segundo a assessoria da Polícia Civil, investigadores ouviram o testemunho de agentes penitenciários e de presidiários e identificaram os sete detentos como possíveis líderes do confronto entre as duas facções criminosas que disputam o controle das atividades ilícitas na região.