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Operação da Polícia Federal atinge pastor Silas Malafaia

Após prestar depoimento, Malafaia diz ser alvo de retaliação. Foto: Chello/FramePhoto/Folhapress

A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem (16) a Operação Timóteo, que investiga uma organização criminosa investigada sob suspeita de corrupção em cobranças de royalties da exploração mineral. Entre os investigados está o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o qual foi alvo de condução coercitiva e depôs na sede da PF em São Paulo. A polícia apura se Malafaia praticou lavagem de dinheiro ao receber cerca de R$ 100 mil do principal escritório de advocacia investigado.

O advogado Alberto Lima Silva Jatene, filho do governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), recebeu ordem de prisão temporária expedida pelo juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. Também foram presos em Brasília Marco Antônio Valadares Moreira, diretor de procedimentos arrecadatórios do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, a mulher dele, Lilian Amâncio Valadares Moreira, e o advogado Eduardo Moretti e outro cujo nome não foi divulgado.

O prefeito eleito de Parauapebas (PA), Darci Lermen (PMDB), está foragido. Segundo investigadores, o casal apresentou aumento de R$ 7 milhões no patrimônio em curto período. De acordo com a PF, os suspeitos agiam com prefeituras para obter parte dos 65% da chamada Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), que é repassada aos municípios. Em 2015, a medida acumulou quase R$ 1,6 bilhão.

Com informações privilegiadas sobre dívidas de royalties (valor pago pela exploração), o diretor do DNPM procurava prefeituras que tinham créditos da Cfem e indicava dois escritórios e uma consultoria -esta última em nome de sua mulher- que poderiam ajudar os municípios a resgatar os benefícios. Segundo a PF, os escritórios ofereciam soluções que iam de ações da Justiça a negociações privadas com as mineradoras.

Ainda de acordo com a apuração, os envolvidos cobravam taxa de êxito de 20% e, se tivessem sucesso no serviço, repartiam o montante com o diretor do DNPM e a prefeitura.

As investigações tiveram início no ano passado, no momento em que a CGU (Controladoria-Geral da União) enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do DNPM.

O nome da operação é uma referência à Primeira Epístola a Timóteo, da Bíblia: “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição”.

Retaliação

Malafaia disse ser alvo de retaliação da Justiça. “É porque uns dez dias atrás falei que sou a favor de uma Justiça independente, forte, mas não absoluta. Retaliação”, disse. A defesa de Alberto Jatene afirmou que, pelas informações que teve até o momento, “há uma confusão entre as atividades privadas de Jatene e o fato dele ser filho no governador”. A defesa dos demais investigados não foi localizada.

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