Mais de 9.000 pessoas morreram na Síria desde setembro do ano passado, quando começaram os bombardeios aéreos realizados pela Rússia em apoio ao ditador sírio, Bashar al-Assad, em áreas controladas pelos rebeldes opositores do regime.É o que aponta relatório divulgado ontem (30) pela ONG britânica Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora o conflito desde seu início, em 2011.
De acordo com o levantamento, 9.364 pessoas morreram devido à ofensiva militar russa. Desses, 3.804 eram civis -906 crianças. Os mortos incluem ainda 2.746 membros da facção terrorista Estado Islâmico e 2.814 integrantes de outros grupos rebeldes.
No início de setembro, balanço divulgado pelo observatório contabilizava 301 mil mortes nos cinco anos de guerra civil -86,6 mil civis.
A ofensiva militar russa na Síria começou em 30 de setembro do ano passado e conseguiu reforçar as posições de Assad em áreas estratégicas, como na província de Aleppo, no norte do país, e na região da capital, Damasco.
O porta-voz do Kremlin afirmou ontem que a operação russa na Síria é um sucesso e que, se não fosse pela ajuda de Moscou, militantes do Estado Islâmico estariam “sentados em Damasco”.
Questionado sobre o relatório do observatório e as consequências dos bombardeios russos, Dmitry Peskov disse que não iria comentar dados de “um grupo baseado no Reino Unido”. A ONG, porém, mantém uma rede de colaboradores em solo sírio. Segundo Peskov, Putin nunca estabeleceu um cronograma para o fim dos ataques aéreos.
Kerry
Em áudio obtido pelo jornal “The New York Times” de uma reunião com grupos sírios na semana passada, em meio à Assembleia Geral da ONU, o secretário de Estado americano, John Kerry, reconheceu o fracasso dos esforços diplomáticos na busca de uma solução para o conflito.
Kerry admite a possibilidade de Assad participar de uma eleição organizada pelas potências ocidentais e supervisionada pela ONU, indo contra a posição americana desde o início da guerra, de que Assad e aliados não podem ser considerados. “Todos que estão registrados como refugiados [sírios] em qualquer lugar do mundo poderiam votar. Eles votariam em Assad?”, questiona Kerry.
Mais tarde, um funcionário do Departamento de Estado disse ao “NYT”, em condição de anonimato, que o secretário não indicou uma mudança de posição em relação a Assad, e sim que qualquer eleição justa acabaria afastando o ditador do poder.
Reportagem do jornal britânico “The Guardian” publicada ontem revelou que 80% dos 33 comboios aprovados por Damasco em setembro não chegaram aos seus destinos -mesmo os seis que conseguiram tiveram remédios retirados pelo regime, disse o jornal britânico.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que Moscou vem fazendo o possível para organizar tréguas semanais para entrega de ajuda humanitária em Aleppo.