Arte & Lazer, Cinema

‘O Homem nas Trevas’ desperdiça chance de explorar personagem cego

Foto: Divulgação

“O Homem nas Trevas” tornou-se um pequeno fenômeno: um filme de gênero (no caso, terror) com baixo orçamento que alcançou sucesso de bilheteria e de crítica. Além disso, o filme chegou aos cinemas com uma credencial de respeito: o diretor uruguaio Fede Alvarez (“A Morte do Demônio”) é apadrinhado por Sam Raimi (“Uma Noite Alucinante”), que aqui assina a produção.

Portanto, a expectativa criada por “O Homem nas Trevas” prometia um filme mais surpreendente. Porém, o que se vê é um produto quase corriqueiro. O filme filia-se a um subgênero do terror, o da invasão domicilar. Porém, com uma inversão de papeis interessante: o dono da casa invadida é cego e está longe de ser uma vítima indefesa.

De certa forma, os problemas começam na apresentação dos invasores, de uma psicologização ao mesmo tempo superficial e excessiva. Alex (Dylan Minnette) é um assaltante meio mauricinho, preocupado com regras como não furtar certa soma em dinheiro, para não ser enquadrado num crime grave se for pego. Rocky (Jane Levy) é uma mãe solteira com dificuldades para sustentar a filha, já seu namorado Money (Daniel Zovatto) é um malandro.

Os três decidem assaltar um homem cego (Stephen Lang), veterano de guerra que ganhou uma indenização alta pela morte de uma filha. Eles acham que vai ser mais fácil que roubar doce de criança, mas o homem cego se revela um oponente cruel, na beira da psicopatia.

Há algo interessante na ambiguidade moral dos personagens. De resto, Fede Alvarez aposta em sustos e perseguições banais. Porém, o problema mais grave é desperdiçar a chance de explorar todo o potencial de terror contido na ideia de uma vítima/algoz que não enxerga. Faltou a coragem de fazer sequências inteiras no escuro. Este é um filme de trevas em que se enxerga demais.

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