As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se encontram em um limbo jurídico e logístico. Ainda que o governo tenha anunciado que o cessar-fogo bilateral será mantido até que se encontre uma nova via por onde recomeçar as negociações de paz, e que a liderança da guerrilha, Rodrigo “Timochenko” Londoño, tenha afirmado que não tem a intenção de voltar ao combate, a verdade é que a força de 9 mil guerrilheiros se encontra em um território nebuloso no qual ainda não deixou de ser uma organização criminosa, mas tampouco está sendo julgada nem foi anistiada.
“É verdade que o retorno à guerra parece improvável em curto prazo, mas o cessar-fogo e a interrupção das atividades delitivas é frágil, pois as Farc continuam fora da lei, podem ser perseguidas, e precisam seguir financiando sua existência”, diz Frédéric Massé, da Universidade Externado de Colômbia.
A grande questão é que, apesar de seu líder ter expressado uma “vontade de paz”, Timochenko não tem como garantir que as Farc não saiam em busca de seu próprio sustento. Além disso, sem o “sim” do plebiscito, as Farc não iniciaram nem a concentração nas “zonas de segurança” nem a entrega das armas, que seriam monitoradas pela ONU.