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Na crise, preço se sobrepõe ao pedido e orienta escolha de presente do Dia das Crianças no ABC

Dia das Crianças deve movimentar R$ 38 milhões no ABC. Foto: Arquivo

Assustado com o aumento do desemprego e com a inflação ainda elevada, o consumidor do ABC vai gastar menos neste ano com os presentes do Dia das Crianças, que será co­memorado na próxima quarta-feira (12). Um dos efeitos da crise é que o presente comprado pode não ser o desejado pela garotada.

Pesquisa divulgada ontem revela que, na média, os moradores da região vão gastar R$ 189 com a data, que é considerada a terceira mais importante do comércio brasileiro. O valor é 40% menor, em termos reais (descontada a inflação), que o desembolsado no ano passado (R$ 290).

Ainda segundo o levantamento, o consumidor está propenso a pagar até R$ 100 por presente, montante 41% inferior ao gasto no ano passado (R$ 153,40) – há pro­jeções diferentes para valor por presente e valor total porque é possível dar lembranças a mais de uma criança.

A contenção nos gastos com a criançada refle­te a elevada taxa de desemprego na região, estimada em 16,4%, e a inflação ainda alta – nos 12 meses encerrados em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 8,97%.

“Tanto a inflação quanto o desemprego impactam negativamente o consumo, corroendo o poder de compra do trabalhador, no primeiro caso, e desestimulando gastos, no segundo. Como resultado, os presentes tendem a ser mais baratos”, afirmou Silvia Okabayashi, coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Metodista, que realizou a pesquisa.

Presente possível

Presentear as crianças pode colocar os pais em uma saia justa, que ocorre quando o produto ad­quirido fica aquém do desejado. Por isso, especialistas em consumo dizem que, ao presentear a garotada, o brasileiro costuma ser mais “fiel” ao pedido feito.

A pesquisa, no entanto, mostra que o preço será o fator mais decisivo na escolha do presente, com 33,4% das respostas, seguido do desejo da criança (32%) e da qualidade do produto (16,2%).

“Trata-se de uma questão cultural. Em qualquer época, mas principalmente em momentos de crise, o consumidor precisa conscientizar a criança de que o presente adquirido é o possível”, comentou Silvia.

Devido ao forte poder de persuasão das crianças, a professora da Umesp re­comenda aos consumidores não levá-las às lojas quando for comprar o presente.

Os itens preferidos pelos consumidores da região para presentear na data são bonecas (15,7%), vestuário e calçados (13,1%), jogos educativos (6,8%) e carros de controle remoto (6%). Sonho de consumo de muitas crianças, as bicicletas perderam espaço em relação ao ano passado, quando representavam 5,4% das intenções de compra. Agora, só 3,3% pensam nesse presente.

Considerando o preço mé­dio por item, montante de gastos planejado e número de pessoas que vão presentear na data (375 mil famílias), a expectativa é de que este Dia das Crianças gire R$ 38 mi­lhões no comércio do ABC. Em 2015, o movimento projetado foi de R$ 59 milhões.

A distribuição das crianças a serem presenteadas no dia 12 inclui filhos (33,3%), sobrinhos (27,4%), afilhados (8,9%) e enteados (6,5%).

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