Familiares de Miguel Quiroga, piloto envolvido na queda do avião da Chapecoense que deixou 71 mortos na Colômbia, pediram desculpas aos brasileiros, mas afirmaram que não pode ser criminalizado pela tragédia.
“Meu esposo não é um bandido, queria voltar para casa como todos”, disse a esposa, a boliviana Daniela Quiroga. “Quero abraçar todas as pessoas que sofrem. Entendo o momento de dor assim como o que sinto.”
As declarações de Daniela foram dadas depois da chegada do corpo de Quiroga em Cobija, cidade boliviana na fronteira com o Acre, ontem (2). O pai do piloto, Alberto Pinto, definiu a tragédia como fatalidade e disse que o filho era bem qualificado, com formação em Oxford, na Inglaterra.
“Querem criminalizar meu filho. Foi uma fatalidade o que aconteceu”, disse. Tanto a mulher como seu pai, acompanhados das irmãs dele, pediram desculpas pelo acidente.
O avião da Força Aérea boliviana com o corpo do piloto chegou às 15h20 na cidade (18h20 de Brasília). Na chegada do caixão, Daniela desmaiou. Do aeroporto seguiu em cortejo militar, já que Quiroga era da Força Aérea boliviana, até a casa dos pais do piloto. O enterro ocorre hoje.
Sobreviventes
Os seis sobreviventes da tragédia em Medellín com o voo que levava a delegação da Chapecoense e jornalistas seguem apresentando melhora no estado de saúde. Nenhum apresenta risco de vida – a situação de alguns é crítica, mas está estabilizada.
Ontem (2), um dos dois tripulantes sobreviventes, o boliviano Erwin Tumiri, recebeu alta da clínica Somer, na cidade vizinha de Rionegro. Erwin deveria retornar à Bolívia ainda ontem.
Internado no mesmo local, o lateral Alan Ruschel foi transferido para o hospital San Vicente Fundación, em Medellín, onde estão os demais brasileiros.
O último boletim médico da clínica apontou que Alan seguia evoluindo e que deixou o local em “condições melhores”. Passou por uma cirurgia na coluna, mas está com movimentos normais nas pernas e braços e já conversou com a família.
O goleiro Jackson Follman, que teve a perna direita amputada, não corre risco de perder a esquerda. O atleta segue entubado. O zagueiro Neto, que teve um trauma torácico, também apresenta bom estado clínico. Segue entubado, sem lesões significativas tanto neurológicas quanto nos membros.
Com trauma semelhante e uma fratura da perna, o jornalista Rafael Henzel apresentou leve melhora. Ontem, o brasileiro tentou falar, mas está entubado. Um parente que está na Colômbia com ele disse à Folha que Henzel está sedado. A meta da equipe médica é que ambos recuperem a plena função pulmonar.
Não há previsão de alta dos brasileiros porque a situação ainda inspira cuidados.
A outra tripulante boliviana, Ximena Suárez, é a que apresenta o melhor estado de saúde dos cinco que seguem internados. Ximena se recupera de lesão no pé e deve receber alta nos próximos dias.