A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou nova denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o acusou de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados à empreiteira Odebrecht. É a terceira denúncia de Lula no âmbito da Lava Jato e a quinta dele neste ano -também foi acusado nas operações Zelotes e Janus.
É a primeira vez que o ex-presidente é acusado formalmente por relações com a Odebrecht pela força-tarefa. Além dele, foram denunciadas oito pessoas, incluindo a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci.
Segundo os procuradores, parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da Petrobras foi destinada para a aquisição de um terreno na zona sul de São Paulo onde seria construída a sede do Instituto Lula.
A denúncia também sustenta que foi adquirido com os valores um apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente, em São Bernardo. O imóvel está no nome de Glaucos da Costamarques, que, para a acusação, “atuou como testa de ferro de Lula, em transação concebida por Roberto Teixeira”, advogado e compadre do ex-presidente. Os dois também foram denunciados.
A acusação sustenta que a Odebrecht pagou, em 2010, R$ 7,6 milhões à empresa DAG Construtora, que adquiriu o terreno investigado. Diz ainda que, em buscas no sítio em Atibaia (SP) frequentado pelo ex-presidente, foram achados papéis com projeto de uma construção no endereço do terreno. Por fim, sustenta que em planilha de pagamentos da empreiteira consta o item “Prédio IL”.
Sobre o apartamento em São Bernardo, a investigação aponta que Costamarques havia recebido R$ 800 mil da DAG Construtora na mesma época em que adquiriu a cobertura, por R$ 504 mil. Os procuradores sustentam que Lula e Marisa utilizavam o apartamento desde 2011, mas não pagavam aluguel a Costamarques.
Palocci é acusado de ser um dos administradores de uma “conta corrente da propina” da Odebrecht para o PT, o que incluiu benefícios ao ex-presidente. A acusação diz que valores que somam R$ 75,4 milhões foram desviados de contratos da Petrobras com a empreiteira.
O Instituto Lula, por meio de nota, afirmou que “após apartamento que nunca foi de Lula no Guarujá, entra a acusação de um apartamento que também não é de Lula, pelo qual sua família paga aluguel pelo uso, e um terreno que não é, nem nunca foi, do Instituto Lula, onde aliás o atual proprietário hoje constrói uma revendedora de automóveis.”
A defesa de Palocci disse que a nova denúncia se trata de uma “manobra” para “multiplicar infinitamente factoides” e impedir a soltura dos suspeitos.” A Odebrecht disse que não vai se manifestar e que está colaborando com a Justiça.