
O Brasil possui atualmente 3.820 museus, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão ligado ao Ministério do Turismo. Há opções para todos os gostos, mas são poucos os que se dedicam à preservação da história dos jogos eletrônicos. O mais divertido deles desembarcou pela segunda vez na região. Depois de passar em março de 2019 pelo Shopping ABC, onde atraiu cerca de 200 mil pessoas, o Museu do Videogame Itinerante está agora no Atrium Shopping, também em Santo André, até o próximo dia 22. A atração é gratuita.
Primeiro do gênero do país registrado pelo Ibram, o museu foi criado em 2011 e reúne quase 400 consoles, que resgatam 48 anos de história dos videogames – desde o primeiro fabricado em 1972 até os mais recentes lançamentos. Desde 2015, a exposição roda o Brasil permitindo aos visitantes não só conhecer, mas também jogar games clássicos. A cada ano, o evento atrais 5 milhões de pessoas.
Entre as relíquias expostas no Atrium Shopping estão o Magnavox Odyssey (1972), primeiro console fabricado no mundo; o Pong (1976), primeiro console doméstico da Atari; o Fairchild Channel F (1976), primeiro console a usar cartuchos de jogos; e o Telejogo Philco Ford (1977), primeiro videogame fabricado no país.
O visitante poderá jogar gratuitamente em consoles como Telejogo Philco Ford, Atari 2600 e Odyssey, bem como em plataformas mais recentes, como Nintendinho 8 bits, Master System, Mega Drive, Sega CD, Super Nintendo, Neo Geo, Panasonic 3DO, Turbografx, Nintendo 64, Game Cube, Sega Dreamcast, Xbox, Playstation 1 e 2.
O museu também reserva espaço para as novas gerações de consoles e jogos em totens multimídia PlayStation 4 ou cockpits para PS4, com seus gráficos hiperrealistas. Haverá ainda torneios de jogos antigos e atuais, encontros de K-Pop e concurso de Cosplay.
Uma das curiosidades do museu é que tudo começou com uma “DR”, como é conhecida a temida discussão de casal. “Todos os videogames da exposição estavam em minha casa. Em um dia de faxina, minha esposa me deu um ultimato: ‘ou você transforma essa sua coleção em um museu para tirá-la de casa ou você e esses videogames vão para fora’”, disse Cleidson Lima, 48 anos, que é curador da exposição, dono do acervo e colecionador há mais de 25 anos. “Bem, o museu mostra quem é que manda em casa”, prossegue o jornalista de Campo Grande (MS), que largou a profissão e hoje corre o Brasil com a exposição.
Mais tarde, Cleidson conseguiu “cooptar” a mulher, Janaína Ivo, que se tornou gerente da exposição. Durante o preview para jornalistas do evento, no último sábado (7), era possível ver Janaína, animada, puxando convidados ao palco Just Dance. Nele, o jogador é desafiado a imitar os mesmos movimentos de dançarinos profissionais virtuais.
“É curiosa essa história da DR porque, para cada pessoa que nós a contamos, há uma reação diferente. Se é uma mulher, ouvimos: ‘Parabéns. Onde já se viu encher a casa de videogames’. Se é um homem, ouvimos: ‘Fez bem em montar o museu. Esposa você pode arrumar outra, mas um Odyssey você não vai conseguir de jeito nenhum’”, brincou Janaína.
A DR deu certo. Em 2014, o museu ganhou o Prêmio Brasil Criativo, do Ministério da Cultura, como o mais criativo do país. Em 2016, foi um dos representantes do Brasil no maior encontro mundial de museus, na França. Cleidson tem a agenda de exposições cheia ate agosto do próximo ano, e há shoppings interessados em contratar a exposição para 2022.
Dos 380 videogames que Cleidson possui, o que considera mais importante é o Supergame CCE VG-2800 (espécie de clone do Atari), que ganhou do pai quando tinha 14 anos. “O visitante vai se deparar na exposição com alguns dos videogames mais raros do mundo, mas certamente vai se sentir atraído pelo que toca seu coração, que traz boas lembranças”, revelou.
O público é composto de pessoas de todas as idades. “Não é um evento sobre videogames, mas de histórias de pessoas com seus games. Lembro-me de um visitante que chorou ao jogar Atari porque se recordou do tempo em que brincava com o pai.”
Serviço – Museu do Videogame Itinerante. Até 22 de março no Atrium Shopping (Rua Giovanni Battista Pirelli, 155 – Santo André), das 15h às 21h. Entrada gratuita.