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Mostra interativa resgata 48 anos de história dos videogames

Mostra interativa resgata 48 anos de história dos videogames
Desde 2015, exposição criada por Cleidson Lima atrai 5 milhões de pessoas por ano, público composto de pessoas de todas as idades. Foto: Divulgação

O Brasil possui atualmente 3.820 mu­seus, segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão ligado ao Ministério do Turismo. Há opções para todos os gostos, mas são poucos os que se dedicam à preservação da história dos jogos eletrônicos. O mais divertido deles desembarcou pela segunda vez na região. Depois de passar em março de 2019 pelo Shopping ABC, onde atraiu cerca de 200 mil pessoas, o Museu do Videogame Itine­rante está agora no Atrium Shopping, também em Santo André, até o próximo dia 22. A atração é gratuita.

Primeiro do gênero do país registrado pelo Ibram, o museu foi criado em 2011 e reúne quase 400 consoles, que resgatam 48 anos de história dos videogames – desde o primeiro fabricado em 1972 até os mais recentes lançamentos. Desde 2015, a exposição roda o Brasil permitindo aos visitantes não só conhecer, mas também jogar games clássicos. A cada ano, o evento atrais 5 milhões de pessoas.

Entre as relíquias expostas no Atrium Shopping estão o Magnavox Odyssey (1972), primeiro console fabricado no mundo; o Pong (1976), primeiro console doméstico da Atari; o Fairchild Channel F (1976), primeiro console a usar cartuchos de jogos; e o Telejogo Philco Ford (1977), primeiro videogame fabricado no país.

O visitante poderá jogar gratuitamente em consoles como Telejogo Philco Ford, Atari 2600 e Odyssey, bem como em plataformas mais recentes, como Nintendinho 8 bits, Master System, Mega Drive, Sega CD, Super Nintendo, Neo Geo, Panasonic 3DO, Turbografx, Nintendo 64, Game Cube, Sega Dreamcast, Xbox, Playstation 1 e 2.

O museu também reserva espaço para as novas gerações de consoles e jogos em totens multimídia PlayStation 4 ou cockpits para PS4, com seus gráficos hiperrealistas. Haverá ain­da torneios de jogos antigos e atuais, encontros de K-Pop e concurso de Cosplay.

Uma das curiosidades do museu é que tudo começou com uma “DR”, como é conhecida a te­mida discussão de casal. “Todos os videogames da exposição estavam em minha casa. Em um dia de faxina, minha esposa me deu um ultimato: ‘ou você transforma essa sua coleção em um museu para tirá-la de casa ou você e esses vi­deogames vão para fora’”, disse Cleidson Lima, 48 anos, que é curador da exposição, dono do acervo e colecionador há mais de 25 anos. “Bem, o museu mostra quem é que manda em casa”, prossegue o jornalista de Campo Grande (MS), que largou a profissão e hoje corre o Brasil com a exposição.

Mais tarde, Cleidson conseguiu “cooptar” a mulher, Janaína Ivo, que se tornou gerente da exposição. Durante o preview para jorna­listas do evento, no último sábado (7), era possível ver Janaína, animada, pu­xando convidados ao palco Just Dance. Nele, o jogador é desafiado a imitar os mesmos movimentos de dançarinos profissionais virtuais.

“É curiosa essa história da DR porque, pa­ra cada pessoa que nós a contamos, há uma reação diferente. Se é uma mulher, ouvimos: ‘Para­béns. Onde já se viu encher a casa de vi­deogames’. Se é um homem, ouvimos: ‘Fez bem em montar o museu. Esposa você pode arrumar outra, mas um Odyssey você não vai conseguir de jeito nenhum’”, brincou Janaína.

A DR deu certo. Em 2014, o museu ganhou o Prêmio Brasil Criativo, do Ministério da Cultura, como o mais criativo do país. Em 2016, foi um dos representantes do Brasil no maior encontro mundial de museus, na França. Cleidson tem a agenda de exposições cheia ate agosto do próximo ano, e há shoppings interessados em contratar a exposição para 2022.

Dos 380 videogames que Cleidson possui, o que considera mais importante é o Supergame CCE VG-2800 (espécie de clone do Atari), que ga­nhou do pai quando tinha 14 anos. “O visitante vai se deparar na exposição com alguns dos vi­deogames mais raros do mundo, mas certamente vai se sentir atraído pelo que toca seu coração, que traz boas lembranças”, revelou.

O público é composto de pessoas de todas as idades. “Não é um evento sobre vi­deogames, mas de histórias de pessoas com seus games. Lembro-me de um visitante que chorou ao jogar Atari porque se recordou do tempo em que brincava com o pai.”

Serviço – Museu do Videogame Itine­rante. Até 22 de março no Atrium Shopping (Rua Giovanni Battista Pirelli, 155 – Santo André), das 15h às 21h. Entrada gratuita.

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