Em um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, o número de mortes provocadas por acidentes de trânsito no ABC caiu ao menor patamar desde 2015.
Segundo o Infosiga SP, base de dados gerenciada pelo Detran-SP, ocorrências nas ruas, avenidas e rodovias da região fizeram 179 vítimas fatais no ano passado, total 25,1% inferior ao apurado em 2019.
Trata-se do patamar anual mais baixo desde a criação do Infosiga SP pelo governo do Estado, em 2015 (veja gráfico).
A queda no número de mortes teve início em abril, quando foram adotadas as medidas de isolamento social para conter o avanço da covid-19, mas o indicador permaneceu em patamares inferiores aos de 2019 nos meses seguintes, mesmo com a retomada da atividade econômica – o que sugere que a adoção do home office por boa parte das empresas, bem como a suspensão das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas, pode ter contribuído para reduzir o trânsito e torná-lo menos letal.
O diretor-presidente do Detran.SP, Ernesto Mascellani Neto, atribuiu a melhora do indicador às iniciativas empreendidas pelo governo do Estado em parceria com as prefeituras para combater a violência no trânsito, incluindo investimentos em obras, educação e fiscalização. “Temos ainda um longo caminho pela frente, mas seguimos nessa jornada com base em inteligência e inovação para gerar projetos eficazes e que salvam vidas”, disse Mascellani, em nota.
No ano passado, os motociclistas lideraram as estatísticas de fatalidade nos sete municípios, com 77 óbitos, mas houve queda de 18,1% nesse indicador em relação a 2019.
Na mesma comparação, também houve redução de 29% no total de mortes entre pedestres (para 57 ocorrências), de 43% entre ocupantes de automóveis (para 25) e de 18% entre ciclistas (11).
Ainda segundo o Infosiga SP, os jovens continuam sendo as principais vítimas do trânsito do ABC. Do total de 179 mortes registradas no ano passado, 45 (25,1%) concentram-se na faixa etária entre 18 e 24 anos e 12,3%, entre 25 e 29 anos.
No corte geográfico, houve redução no número de mortes em cinco dos sete municípios, com destaque para São Caetano (-83%) e Mauá (-39,4%).
O Infosiga SP também apurou queda de 12,5% no número de acidentes nas ruas, avenidas e rodovias da região em 2020, para 7.719 ocorrências.
O total de acidentes fatais caiu 26,5% no ano passado, para 164, menor patamar desde 2015. Por sua vez, o número de acidentes não fatais recuou 12,2%, para 7.555.
PREJUÍZO
Todos os anos, o Brasil desperdiça 3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 220 bilhões, para pagar custos decorrentes dos acidentes de trânsito. É o que aponta estudo da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Esse cálculo engloba gasto com socorro, tratamento médico, investigação e outros prejuízos causados pela redução de produtividade. Trata-se de recurso que poderia ser usado para construir centenas de hospitais e escolas”, disse o coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Especialistas em Trânsito e diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.
Com esse valor, segundo Coimbra, o governo poderia construir 730 hospitais com mais de 225 leitos, ou ainda aumentar em 50% os investimentos nacionais em Educação.