Morreu ontem (14), em São Paulo, o arcebispo emérito da Capital paulista e cardeal dom Paulo Evaristo Arns, 95, que estava internado no Hospital Santa Catarina desde o último dia 28 com problemas pulmonares. Nesta semana, havia sofrido uma piora em sua função renal e estava na UTI. O velório teve início ontem na Catedral da Sé. O sepultamento, marcado para a tarde de amanhã (16), será na cripta da própria catedral.
Ícone progressista da Igreja, o frade franciscano recebeu muitos epítetos ao longo de sua trajetória, como cardeal da liberdade, bispo dos oprimidos e bom pastor. Já ao final da vida, quando lhe perguntaram como gostaria de ser lembrado, deu resposta singela: “amigo do povo”.
Nasceu na colônia de Forquilhinha, no sul de Santa Catarina, em 1921, em uma família de 13 irmãos. Cinco se dedicaram à carreira religiosa, entre eles Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, que morreu no terremoto do Haiti, em 2010. Da infância herdou também a profunda religiosidade. Apesar de ser mais conhecido por ações políticas, dom Paulo dedicou seguramente a maior parte de sua vida à pregação do Evangelho. Nomeado bispo em 1966 por decisão do papa Paulo 6º, assumiu a função de bispo auxiliar de São Paulo.
Começou a visitar presos comuns no Carandiru e, por designação do cardeal, foi encontrar frades dominicanos detidos por motivos políticos, entre eles frei Betto. A partir de então, ssumiu em São Paulo a vanguarda da defesa dos presos políticos. Em 1970, foi designado titular do arcebispado.
À frente da Igreja de São Paulo, aplicou ensinamentos do Concílio Vaticano 2º e transformou em ações concretas a opção pelos pobres. Começou a gestão vendendo o palácio episcopal. Com o dinheiro, comprou terrenos em bairros pobres para construir instalações religiosas modestas. Jogou fora os costumes principescos de antecessores e investiu em trabalho comunitário.
O cardeal se afastou, em 1998, por limite de idade, do comando da Arquidiocese de São Paulo, levando o título de arcebispo emérito. Passou os últimos anos de sua vida entre orações e assistência aos idosos, recebendo inúmeras homenagens, como uma visita da então presidente Dilma Rousseff, em 2012.