
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), está disposto a acionar a Justiça para impedir o fechamento da fábrica da Ford no município, caso a estratégia do governo do Estado em encontrar um comprador para o parque fabril até o final deste ano não se concretize.
“A ideia de vender a fábrica para outra empresa do setor é uma das ideias, mas não quer dizer que seja a única”, disse. “Se (a venda) não se viabilizar, vou buscar todos os mecanismos de proteção para garantir os empregos, inclusive com apoio da Justiça se for necessário”, declarou Morando em entrevista concedida ontem (22) à Rádio Eldorado.
Para Morando, “não se pode adotar uma medida desta magnitude sem nenhum tipo de preocupação social”. “É preciso que haja um plano de desmobilização”, disse o prefeito. O tucano afirmou ter entrado com duas representações, uma no Ministério Público do Trabalho e outra na Procuradoria do Município, para avaliar alternativas ao fechamento da unidade.
Além da possibilidade de acionar a Justiça, Morando disse que há esforço conjunto para evitar o fechamento da fábrica. “Tenho falado diariamente com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (Wagner Santana, o Wagnão), cada um buscando mecanismos e compartilhando informações”, disse.
O prefeito informou ainda que terá uma reunião com o Consulado dos EUA em São Paulo e pretende “construir uma agenda em Brasília” com o ministro da economia, Paulo Guedes, e com o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
O encerramento de postos de trabalho é o principal impacto decorrente do eventual fechamento da fábrica, mais do que a perda de arrecadação, apontou o prefeito. “Um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta o impacto indireto de 24 mil postos de trabalho (no setor). É trágico, pois existe toda uma cadeia produtiva no entorno de uma montadora como esta”, contextualizou.
“A perda de receita desses trabalhadores tem impacto extremamente agressivo na economia da cidade”, declarou. Morando citou como exemplo a possibilidade de queda do consumo e aumento da demanda nos sistemas públicos de saúde e ensino.
Morando disse que 3 mil trabalhadores da Ford correm risco de perder o emprego. Porém, na quinta-feira, em coletiva de imprensa concedida no Palácio dos Bandeirantes, o número citado era 2 mil. A divergência se deve ao fato de a Ford ter garantido a manutenção dos 1.200 postos de trabalho da área administrativa.
“Não sei se os prejuízos que eles (a Ford) alegam são verdadeiros, não me cabe avaliar. Porém, não se pode transferir a responsabilidade exclusivamente para os trabalhadores e para São Bernardo”, disse.