Política-ABC, São Bernardo do Campo, Sua região

Morando cortará carros oficiais e secretarias

Morando: “Vamos ter de fazer cortes significativos de despesas, congelamentos. Enfim, uma austeridade muito dura”

Eleito em segundo turno com 59,94% dos votos, o próximo prefeito de São Bernardo Orlando Morando (PSDB) afirmou não acreditar na concretização da Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2017 encaminhada ao Legislativo pelo atual prefeito Luiz Marinho (PT). A peça estima e R$ 5,3 bilhões em receitas para o próximo ano – cerca de R$ 200 milhões a mais do que o projetado para este exercício.

“Acho difícil esse número chegar a R$ 4 bilhões”, pontuou o tucano em entrevista ao Diário Regional. Para compensar a projeção de queda de arrecadação, Morando reiterou plano de eliminar “gorduras” do governo por meio do corte de carros oficiais, cargos comissionados e secretarias. O prefeito eleito também confirmou a participação de seu vice-prefeito Marcelo Lima (SD) e do ex-prefeito Maurício Soares (PHS) no primeiro escalão do governo, mas evitou cravar os demais nomes que comporão seu secretariado. O anúncio deverá ser feito próximo à diplomação dos candidatos eleitos na cidade, marcada para o próximo dia 15.

Agora eleito, qual será a primeira medida do seu governo? O que o senhor considera mais urgente?

Não posso mudar aquilo que falei durante a campanha. A primeira ação será exonerar todos os petistas. Porém, nossa grande preocupação é com o corte das despesas. Diante da queda da arrecadação já pontuada e do momento difícil pelo qual o país passa, vou ter de fazer uma série de mudanças e cortes para colocar o nosso plano de governo em prática. Vamos entrar cortando carro oficial de todo o primeiro e segundo escalões do governo, reduzindo secretarias, que deverão ficar entre 17 e 18, das atuais 23, cortando cargos comissionados, revisando e auditando de todos os contratos em andamento, para, assim, podermos enxugar a máquina. Essa é a prioridade.

Já tem definição sobre quais secretarias serão cortadas?

Não. Ainda estamos fazendo um estudo mais aprofundando. Porém, secretarias como Assuntos Internacionais e Orçamento Participativo já estão pontuadas que não estarão mais no nosso governo.

Alguma projeção sobre o tamanho do corte de comissionados?

Estamos trabalhando para cortar o maior número possível, mas vai ser bastante significativo. Estamos esmiuçando o organograma de cada hierarquia para buscarmos esse total, mas será um número que, com certeza, terá peso na economia do município.

Qual será sua primeira ação em termos de projetos?

Estamos imaginando que os cem primeiros dias serão dedicados a uma melhora na manutenção geral da cidade, como sinalização, iluminação pública, poda de árvores, limpeza de praças e melhorias no sistema de coleta de lixo. Queremos dar uma nova cara para a cidade logo nesse primeiro momento. Os demais projetos são todos em longo prazo, até porque ainda estamos analisando as questões de financiamento e recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Porém, já podemos adiantar que nos primeiros dias vamos oferecer uma mudança significativa para quem vive na cidade.

Como está o processo de transição de governos com a equipe do prefeito Luiz Marinho (PT)? Qual a sua principal preocupação em relação às informações já fornecidas?

Na semana passada estive em Brasília e não acompanhei as últimas reuniões. Porém, não recebemos muitas informações ainda. Espero que nesta semana chegue um volume maior de dados para que a gente tenha um diagnóstico da cidade. Porém, o que a gente já tem visto é que Orçamento que a prefeitura encaminhou à Câmara e aquele que vai ser realmente executado representa uma discrepância enorme. A previsão orçamentária está profundamente fora da realidade. A atual gestão projeta R$ 5,3 bilhões, mas acho difícil esse número chegar a R$ 4 bilhões.

Como pretende lidar com essa situação financeira a partir do ano que vem?

Vamos ter de cortar. Não tem jeito. Vamos ter de fazer cortes significativos de despesas, congelamentos. Enfim, uma austeridade muito dura que teremos que iniciar a partir do ano que vem.

Já há definição sobre o secretariado?

Ainda não.

A tendência é que o seu vice Marcelo Lima (SD) e o ex-prefeito Maurício Soares (PHS) assumam pastas?

Sim, esses dois com certeza estarão no primeiro escalão.

Em quais pastas?

Não posso adiantar.

É possível que o vereador Hiroyuki Minami (PSDB) também assuma alguma secretaria no seu governo?

Não trato de nenhuma especulação. Esses dois (Marcelo Lima e Maurício Soares) estarão com certeza, mas não há nenhum outro nome definido.

Qual a previsão para o anúncio do secretariado?

Pode ser que mais próximo da diplomação (dias 15 de dezembro) ou após a diplomação eu já anuncie alguns nomes.

Questões como o Museu do Trabalhador e projetos de mobilidade ainda em andamento chegaram a ser discutidos nas reuniões de transição?

Estamos tratando a transição em linhas gerais. A reunião que fiz com o Marinho foi institucional e o Dr. Maciel (o advogado Carlos Roberto Maciel), com sua equipe, é quem está trocando as informações. Apresentamos um primeiro calendário de 129 perguntas e agora estamos depurando o que chega a nós. O que mais preocupa é que, pelas informações recebidas, o nível para investimento da cidade é zero.

Como estão as conversas sobre a sucessão no Consórcio? O senhor tem interesse em presidir a entidade?

Não discutimos nomes ainda. O que foi discutido, em reunião recente com os prefeitos em minha casa, foi o desejo, de todos, de reduzir o recurso que hoje as prefeituras enviam para o Consórcio. Isso está claro. O valor que as prefeituras gastam é muito alto e os prefeitos querem mudar isso. Então, fizemos um pedido de transição para que a entidade não contrate novas pessoas e projetos nesses 30 dias que faltam para essa mudança. Eu assumo interinamente, porque é o que determina o estatuto do Consórcio. Até a nova eleição, o prefeito eleito na cidade do atual presidente assume. Alguns prefeitos já explicitaram desejo de que eu continue, mas não tem uma definição sobre isso.

O senhor tem feito articulações neste sentido com os demais prefeitos eleitos?

Os prefeitos pediram, mas não ficou decidido se serei eu de fato. Tem um desejo de todos para que seja eu, mas é uma discussão que vamos deixar para depois do dia 1º de janeiro do ano que vem. O desejo é de reduzir o repasse e o tamanho do Consórcio. O Consórcio hoje para todos nós está gastando muito e oferecendo muito pouco, ao mesmo tempo há a proposta de abrir um escritório do Consórcio em Brasília para que a gente possa melhorar a representatividade das prefeituras do ABC em Brasília, o que considero extremamente necessário e viável.

A discussão se norteia nisso, na proposta de enxugar a estrutura do Consórcio e com essa economia abrir o escritório em Brasília para melhor interlocução om os ministérios e captação de mais recursos para a região. O ABC tem arrecadação que chega a R$ 10 bilhões, é maior do que muitos estados brasileiros. A maioria dos estados tem um escritório em Brasília para fazer esse acompanhamento de projetos e captação de recursos. É nessa linha que hoje estamos trabalhando.

Quem o senhor defende que represente o governo na disputa pela presidência da Câmara a partir do ano que vem?

Não tratei do assunto ainda. Apenas pedi aos vereadores aliados que aguardassem primeiro a definição dos secretários para depois a gente tratar da Câmara. Não tenho veto a ninguém da minha base. Nem apoio nem veto. Acho que é uma discussão a ser avançada com eles. A única conversa que tivemos sobre esse assunto foi a de aguardar o anúncio dos secretários.

Algum vereador já se colocou à disposição?

Para mim, por enquanto não.

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