
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ganhou a aprovação do Ministério da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que as equipes da Série A do Campeonato Brasileiro voltem a receber torcedores nos seus respectivos estádios.
As propostas de plano sanitário e de protocolo enviadas a Brasília receberam a chancela do órgão liderado pelo ministro Eduardo Pazuello, cuja pasta já teve outros dois médicos não militares no cargo. O objetivo é liberar a presença de até 30% da capacidade de público em outubro, mas ainda sem data definida. Para continuar com o plano, porém, será necessário receber a permissão das autoridades sanitárias de Estados e prefeituras.
Nas últimas semanas, a CBF havia elaborado um rascunho da proposta com informações preliminares. O conteúdo trazia principalmente a limitação para somente a torcida mandante frequentar os estádios e não contempla as Séries B, C e D da competição nacional. A intenção da entidade é aprofundar a discussão com os clubes para se ter um protocolo mais rígido de conduta e de cuidados com o distanciamento social.
Alguns clubes reivindicam o retorno da torcida principalmente para amenizar problemas financeiros decorrentes da falta de bilheteria. Clubes como Palmeiras, Corinthians e Flamengo faziam, em média, R$ 2,5 milhões de renda por apresentação. Como os jogos têm sido realizados com portões fechados desde o início da competição, as equipes têm acumulado prejuízos com os custos operacionais das partidas. A CBF avalia uma forma de conseguir a abertura dos portões em todos os Estados brasileiros para que não haja desequilíbrio nas disputas. O que a entidade não quer é que determinado time tenha torcedores em seus jogos e outros não.
A discussão, de acordo com especialistas, diz respeito ao momento dessa volta da torcida. Em julho, profissionais da área médica não admitiam sequer a possibilidade da abertura ao público de eventos esportivos. “Torcedor no estádio é um problema. Por mais que se reduza a capacidade das arenas, por exemplo, em 50%, teremos de estudar a logística de entrada e saída para evitar aglomeração. É natural existir afunilamento nos portões e isso é extremamente perigoso”, alertou o infectologista Jean Gorinchteyn, que trabalha nos hospitais Emílio Ribas e Albert Einstein.
No Brasil, antes mesmo de a doença ser controlada, bares e parques de várias cidades foram liberados em horários alternativos e algumas praias podem ser frequentadas. Porém, o uso de máscara tem baixa adesão. No Rio de Janeiro, a prefeitura tem atuado para liberar o uso do Maracanã – outros estádios, como São Januário e Engenhão, não teriam permissão para a entrada do público.
A primeira partida a ter público seria Flamengo e Atlético-GO, no dia 4. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) entende que colocar o carioca no Maracanã ajudaria a tirá-lo das praias. “Faremos um apelo à CBF, no sentido de que o Maracanã seja uma alternativa à praia. Hoje, o maior problema do Rio são as grandes aglomerações nas praias das pessoas sem máscara. Se o jogo puder ser às 11h, seria ótimo. Estamos falando de 20 mil torcedores no Maracanã, um terço de sua lotação. Seria talvez menos 20 mil pessoas nas praias”, disse.
O governador em exercício do Rio, Claudio Castro (PSC), vetou a iniciativa. Porém, tem marcadas para esta semana reuniões com Crivella e com a CBF.