Pelo quarto mês consecutivo, o mercado de trabalho do ABC voltou a gerar vagas com carteira assinada em outubro, mas o ritmo foi consideravelmente inferior ao observado no trimestre antecedente.
Foram criados 104 postos de trabalho formais na região no mês passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem (21).
O saldo entre contratações e demissões na região é quase 91% inferior ao apurado em outubro do ano passado (1.145) e está 94,5% aquém do registrado em setembro (1.912).
Com o resultado, mais os ajustes feitos em meses anteriores, o saldo acumulado no ano é positivo em 11.620 vagas criadas no ABC. Em 12 meses, o mercado de trabalho regional também está no “azul” (7.941).
Porém, o saldo tende a encolher em dezembro, quando as empresas costumam “devolver” as vagas temporárias criadas por ocasião do Natal.
O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, destacou que o mercado de trabalho tem apresentado comportamento errático neste ano, como resultado da lenta recuperação da atividade econômica.
“Não existe milagre: o emprego só voltará a crescer de forma consistente quando a economia voltar a crescer. De nada adianta reforma trabalhista, flexibilização da jornada, terceirização… Até 2013, o emprego cresceu com uma legislação obsoleta porque o PIB (Produto Interno Bruto) estava crescendo”, afirmou.
Economistas consultados pelo Banco Central no âmbito do Boletim Focus projetam alta de 1,36% para o PIB neste ano.
Balistiero destacou ainda que as eleições deixaram os empresários em compasso de espera, apesar de o favoritismo de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pelo Palácio do Planalto ter se manifestado desde as primeiras pesquisas de intenção de voto. “É preciso lembrar que o presidente eleito não era o candidato preferido do mercado, que só simpatizou com suas ideias no decorrer da disputa”, afirmou.
No corte por atividades econômicas, construção civil (104), comércio (417) e serviços (351) abriram vagas em outubro, em quantidade mais do que suficiente para compensar os 657 postos de trabalho extintos na indústria (veja gráfico acima).
O economista do Instituto Mauá de Tecnologia lembrou que o setor fabril é, invariavelmente, o último a se recuperar de uma crise. “A indústria gera empregos de muita qualificação e, predominantemente, formais. Porém, o que temos visto nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) neste ano é a lenta recuperação do mercado de trabalho e a criação de empregos sem carteira”, disse Balistiero.
O ABC não sabe o que é terminar um ano com saldo positivo no Caged desde 2013.