O Instituto Lula divulgou, ontem (21), nota afirmando que a Operação Lava Jato atingiu um “grau de loucura” ao investigar um terreno que teria sido comprado pela Odebrecht para abrigar a sede do Instituto Lula, em São Paulo.
Reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo mostra que três delatores das empreiteira – entre eles o ex-presidente e herdeiro da empresa, Marcelo Odebrecht – afirmam que o conglomerado comprou, por intermédio de outra construtora, um terreno destinado a abrir uma nova sede para o instituto. Porém, a construção do edifício pela Odebrecht acabou não sendo feita.
A nota tem o título, “Lava Jato supera Kafka e Minority Report” – referências, respectivamente, ao escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924), famoso pelas histórias de realismo fantástico, e ao filme de Steven Spielberg em que potenciais criminosos são presos mesmo antes de cometerem delitos.
A nota do Instituto faz duras críticas ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, que recebeu denúncia sobre o caso da força-tarefa do Ministério Público Federal. “A Operação Lava Jato abriu um processo contra Lula por ele não ter recebido um terreno, que segundo a operação, seria destinado ao Instituto Lula. A Lava Jato reconhece, porque é impossível não reconhecer, que o terreno não é nem nunca foi do Instituto Lula ou de Lula. É o grau de loucura a que a Lava Jato chegou na sua perseguição contra o ex-presidente”, diz a nota.
Ironia
O post, publicado no Facebook, ironiza ainda os procuradores responsáveis pela investigação. “Ao invés de investigar e apresentar denúncias sobre delitos reais, e após fechar acordos que tiraram da cadeia pessoas que receberam dezenas de milhões em desvios da Petrobras, perseguem delitos que só existem na imaginação de Power Point de alguns promotores”, diz a nota, em alusão ao PowerPoint exibido durante entrevista coletiva da Procuradoria, em setembro, que virou meme nas redes sociais.
A nota conclui afirmando que Moro aceitou a denúncia com a intenção de “gerar manchete”. “Moro aceita uma denúncia absurda dessas em poucos dias, porque o importante é gerar manchete de jornal e impedir Lula de ser candidato [a presidente] em 2018”, encerra.
Poucas horas depois da divulgação da nota, Lula, em evento de fim de ano na sede de seu instituto, na zona sul de São Paulo, disse que não permitirá que manchem sua honra.
Na confraternização, o ex-presidente disse que tem contrariado a orientação de seus advogados, que muitas vezes se opõem a suas críticas públicas à Operação Lava Jato.
Lula disse ainda que processará jornais e integrantes do Ministério Público toda vez que se sentir ofendido. O petista afirmou que essa é uma decisão pessoal. O ex-presidente é réu em cinco processos diferentes, sendo três deles relacionados à Operação Lava Jato.