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Lava Jato denuncia José Serra e filha por lavagem de dinheiro no rodoanel; senador fala em indignação

José Serra é denunciado por lavagem de dinheiro
Segundo a denúncia, José Serra recebeu vários pagamentos da Odebrecht. Foto: Arquivo/marcelo Camargo/Agência Brasil

Atualização às 21h30

O Ministério Público Fede­ral denunciou, nesta sexta-feira (3) o ex-governador de São Paulo e atual senador José Serra (PSDB) e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. Segundo a denúncia, Serra, entre 2006 e 2007, “valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul”.

“Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle”, afirmou a Procuradoria, em nota.

Paralelamente à denúncia, a força-tarefa deflagrou a Operação Revoada para aprofundar as investigações em relação a outros fatos conectados a esse mesmo esquema de lavagem em suposto benefício de Serra. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Parte das buscas foi realizada em endereços ligados ao ex-governador, ao empresário Ronaldo Cézar Coelho e a José Amaro Pinto Ramos, apontado como operador de Serra. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal que determinou, ainda, o bloqueio de R$ 40 mi­lhões em uma conta na Suíça.

Com relação à denúncia, a Lava Jato indicou que as investigações demonstraram que José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra “constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador”.

OUTRO LADO

O PSDB defendeu uma investigação “ampla e irrestrita”, mas afirmou ter “absoluta confiança” no senador José Serra (SP), denunciado nesta sexta, 3, por suposta lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato. O senador e sua filha, Verônica Allende Serra, foram denunciados pelo Ministério Público Federal

O partido se manifestou por meio de seu perfil oficial no Twitter. “O PSDB acredita no sistema judicial do País e defende as apurações na utilização de recursos públicos, ao mesmo tempo em que confia na história do Senador José Serra e nos de­vidos esclarecimentos dos fatos”, diz o comunicado.

O presidente do Diretório Estadual do PSDB em São Paulo, Marco Vinholi, reafirmou confiança no senador e no esclarecimento dos fatos pela Justiça. “O PSDB de São Paulo defende a ampla e irrestrita investigação dos fatos sempre que houver questionamentos envolvendo recursos e agentes públicos. Ressaltamos nossa absoluta confiança no senador José Serra, na sua história e conduta, e na Justiça, onde as ações serão devidamente esclarecidas.”

O SENADOR

Em nota, a assessoria de Serra disse que causa estranheza e indignação a ação deflagrada pela Força Tarefa da Lava Jato. “Em meio à pandemia da Covid-19, em uma ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da Acusação.

É lamentável que medidas invasivas e agressivas como a de hoje sejam feitas sem o respeito à Lei e à decisão já tomada no caso pela Suprema Corte, em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da República.

O Senador José Serra reforça a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida pública. Ele mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas”.

A DEFESA

Até o fechamento da matéria, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Ronaldo Cézar Coe­lho, disse que vai se manifestar depois que acessar os autos da Operação Revoada, desdobramento da Lava Jato

Já o criminalista Eduar­do Carnelós, que defende José Amaro Pinto Ramos, só vai se manifestar sobre as buscas contra seu cliente quando tiver acesso à ordem judicial.

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