Em um cenário de crise na indústria e de dificuldade nas negociações, os trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aprovaram ontem (13) as propostas feitas por dois grupos patronais de reajuste de 9,62% e, com isso, o índice passa a ser referência para a campanha salarial deste ano. Para pressionar os demais a acompanhar o aumento, a entidade vai intensificar paralisações nas fábricas.
O porcentual repõe a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data-base (1º de setembro) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e foi oferecido pelas bancadas patronais de Estamparia e do G2, que compreende as indústrias de máquinas e eletroeletrônicos.
As demais propostas feitas à Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT) – que negocia em nome de 13 sindicatos e de 203 mil trabalhadores, dos quais 77 mil no ABC – foram rejeitadas.
Estão em campanha os trabalhadores de seis das sete bancadas – nas montadoras, à exceção da Scania, o reajuste já está previsto em acordos firmados anteriormente.
Estamparia e G2 ofereceram o aumento parcelado, com 6,5% e 6,62%, respectivamente, retroativos à data-base e o restante a ser aplicado em fevereiro de 2017.
A bancada patronal da Fundição ofereceu 9,2% para quem ganha acima do piso e 9,62% aplicado sobre o piso. No G3 (autopeças, forjaria e parafusos), os representantes das empresas propuseram 8% e no G8 (metais ferrosos, não ferrosos e condutores elétricos), 6%.
O único grupo patronal que propôs reajuste zero foi o G10, que compreende reparação de veículos, lâmpadas e material bélico.
“Vamos pressionar os demais grupos patronais a acompanhar o INPC. Além disso, há muitos empresários dispostos a repor a inflação, apesar de suas bancadas estarem endurecendo as negociações. Com essas empresas fecharemos acordos. Nas demais vamos intensificar as paralisações”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, durante assembleia realizada na regional de Diadema.
O presidente da FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, relatou que as negociações foram demoradas devido à crise e que todas as bancadas patronais propuseram a retirada de direitos.
“Sabemos que quase 40% das negociações no 1º semestre resultaram em reajustes abaixo da inflação, mas não será no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que um acordo rebaixado será aceito”, garantiu Marques, citando balanço do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).