
Os brasileiros gastaram menos com habitação, vestuário, transportes, e artigos de residência em fevereiro. O alívio maior no orçamento veio do corte na conta de luz e nos preços das carnes, gasolina e passagens aéreas, amortecendo parte da pressão dos reajustes das mensalidades escolares.
A inflação oficial no país subiu 0,25% em fevereiro, menor resultado para o mês em duas décadas, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A gasolina ficou 0,72% mais barata, contribuição negativa de 0,04 ponto porcentual para a inflação do mês, enquanto o etanol subiu 0,96%. Já as passagens aéreas tiveram redução de 6,85%, um impacto também de -0,04 ponto porcentual.
Embora o IPCA tenha vindo acima da previsão mediana de 0,15% de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a taxa acumulada em 12 meses desceu a 4,01%, praticamente no centro da meta de 4% perseguida pelo Banco Central ao fim de 2020.
“O importante é que o IPCA caminha para fechar o ano em cerca de 3% ou abaixo da meta de inflação pelo terceiro ano seguido e que o Banco Central deve considerar isso para a tomada de decisão de política monetária”, afirmou o economista Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP).
Para o consultor Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, a inflação de 2020 deve ficar em 3,2%, seguida por avanço de 3,6% em 2021. O economista espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduza a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto porcentual na reunião da próxima semana e corte em mais 0,5 ponto entre as reuniões de maio e junho, para 3,25% ao ano.
CORONAVÍRUS
Em meio ao cenário de demanda ainda retraída, a inflação oficial não mostra sinal de pressão da valorização do dólar nem do surto de coronavírus, disse Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
“O efeito do câmbio não se dá de forma automática na inflação, ainda mais no momento em que não há demanda aquecida e o ritmo de recuperação da economia ainda é lento. Então, a capacidade de repasse de custos para o consumidor ainda é limitada. Não é transmissão automática, nem instantânea. Pode ser que apareça, ou não. Se não tiver como repassar, se for perder consumidores, pode ser que não repasse”, declarou Kislanov.
Quero saber o índice da inflação do período de março de 2019 a fevereiro de 2020.