O parque fabril do ABC fechou 610 postos de trabalho em maio, com queda de 0,25% no estoque de empregos do setor ante o existente no mês anterior, segundo levantamento divulgado ontem (14) pela Federação e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp).
Trata-se da quarta redução consecutiva no nível de ocupação da indústria da região e o pior resultado para o mês desde maio de 2016, quando foram extintas 850 vagas.
O desempenho ruim de maio derrubou o saldo entre contratações e demissões no ano para 2.170 postos de trabalho fechados, pior resultado para o período desde 2016. Nos últimos 12 meses, o saldo é negativo em 7.600 empregos extintos.
Os números frustram a expectativa de retomada da atividade fabril no ABC, às voltas com a baixa demanda doméstica por bens industriais e com a queda nas exportações para a Argentina, principal parceiro comercial da região.
“O momento (na indústria) é complicado há muito tempo e decorre da crise que o país vive. Estamos em uma fase de pós-guerra e recuperação muito, muito lenta”, afirmou o diretor-titular do Ciesp em Diadema, Anuar Dequech Júnior.
Segundo a pesquisa de emprego das entidades, o parque fabril da região acumula sete anos consecutivos de queda no estoque de trabalhadores – neste período, o setor eliminou quase 98 mil vagas.
Dequech vê retomada em alguns segmentos, como o alimentício, e torce para que a Ford encontre um comprador para a fábrica de São Bernardo, “o que amenizaria o impacto sobre o setor automotivo”.
Em maio, a queda no nível de emprego industrial no ABC foi influenciada por variações negativas nos setores de produtos de borracha e plástico (queda de 0,90% no estoque de vagas), máquinas e equipamentos (-1,17%) e veículos automotores e autopeças (-0,27%).
ESTADO
No Estado de São Paulo, a indústria encerrou 6,5 mil postos de trabalho em maio, queda de 0,34% no estoque de vagas. No acumulado do ano, o saldo é positivo em 14,5 mil postos.
Também explicam os resultados ruins tanto no ABC como no Estado as incertezas em relação à capacidade do governo de Jair Bolsonaro (PSL) de levar adiante sua agenda de reformas
“Uma das razões para o resultado está na sazonalidade no setor de modas que já encerrou a produção da coleção outono e inverno. Porém, é preciso lembrar que, além da reforma da Previdência, ações de curto prazo são fundamentais para estimular a retomada da atividade econômica e industrial”, explicou José Ricardo Roriz, 2º vice-presidente das entidades.