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Incerteza nos EUA com Trump faz dólar subir quase 9% no Brasil em cinco dias

As incertezas sobre o futuro da economia americana com o empresário Donald Trump na Casa Branca fizeram o dólar se valorizar de forma significativa novamente ontem (14) no mundo.
No Brasil, a moeda americana chegou ao fim do dia cotada a R$ 3,4458, com alta de 1,47%. Desde a eleição do candidato republicano como presidente dos Estados Unidos, na última quarta-feira (9), o dólar já avançou 8,65% sobre o real.

Esse movimento reverteu parte da valorização obtida pelo real nos meses anteriores, motivada pela melhora das expectativas sobre a economia brasileira com o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e sua substituição por Michel Temer (PMDB).

As cotações do dólar chegaram a ultrapassar a marca de R$ 4 no início do ano com o agravamento da crise política que levou ao afastamento de Dilma, mas depois recuaram. O saldo ainda é favorável à moeda brasileira. Desde o início do ano até esta segunda, o real se valorizou 13% em relação ao dólar.

O dólar começou a subir com a eleição de Trump por causa das mudanças que deve fazer na economia americana. Trump promete cortar impostos e investir em infraestrutura, o que pode levar ao aumento de gastos do governo e pressionar a inflação.

Os analistas acham que isso levará o Fed, o Banco Central americano, a subir os juros mais rapidamente do que o previsto nos próximos meses, o que contribui para valorizar o dólar.

Persistência

Na avaliação da equipe de Temer, não há muito que fazer neste momento, além de tentar reduzir a volatilidade da moeda americana e garantir a aprovação do teto dos gastos públicos neste ano – o projeto tramita no Senado após ser aprovada.

Na visão do Palácio do Planalto, acabou a previsibilidade do cenário econômico externo, que estava ajudando países em desenvolvimento como o Brasil a sair da crise.
A ordem do presidente é persistir no plano adotado pelo governo, que prevê o reequilíbrio das contas públicas e regras mais amigáveis para investidores a fim de tirar a economia brasileira da recessão em que afundou há dois anos.

Para atenuar a valorização do dólar, o BC renovou ontem 15 mil contratos no mercado futuro de dólar, no valor de US$ 750 milhões, uma operação que tem efeito equivalente ao de um aumento da oferta de moeda americana na praça.

O efeito Trump também fez os investidores reverem suas projeções para os juros. Os economistas passaram a prever redução lenta da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Segundo o Boletim Focus, do BC, a estimativa do mercado é de que a Selic encerre o ano em 13,75%.

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