
No dia em que as vendas do varejo surpreenderam muito positivamente, o Ibovespa encontrou fôlego para fechar em alta de 2,05%, aos 99.769,88 pontos, tendo chegado bem perto dos 100 mil na máxima da sessão, por volta das 16h40. O desempenho na B3 foi bem superior ao observado nos mercados do exterior, onde se viram fechamentos negativos na Europa e moderados em Nova York até perto do fim da sessão, quando os três índices ganharam vigor, liderados pelo Nasdaq (+1,44%) em nova máxima de encerramento – o que deu ânimo extra para o Ibovespa.
Tanto a queda de abril (-16,0%) como a alta de maio (+13,9%) foram as maiores da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o varejo, que retrocede a janeiro de 2000. Comparado a maio de 2019, houve retração de 7% nas vendas este ano, refletindo o estrago da pandemia – o que já vinha sendo colocado na conta desde o fim de março, quando o distanciamento social foi iniciado e o mercado passou a se concentrar em leituras na margem para aferir a retomada.
Assim, o desempenho das vendas em maio frente a abril, bem acima das estimativas, alimentou a demanda por ações na B3 nesta quarta-feira (8). Saindo de mínima na abertura a 97.764,95 pontos, o Ibovespa atingiu o maior nível de fechamento desde 5 de março, então aos 102.233,24 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 26,5 bilhões e, na semana, o índice acumula agora ganho de 3,11% – no mês, avança 4,96%, limitando as perdas do ano a 13,73%.
“O mercado quer ver o que viu hoje (quarta): dados que reflitam a materialização de uma melhora econômica que faça os 100 mil pontos serem não apenas um ponto (do Ibovespa no gráfico), mas uma consequência”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, que chamou atenção para o desempenho também bem superior ao consenso para o varejo ampliado (+19,6% no resultado de maio, o maior da série, desde 2003).
O ampliado inclui os segmentos automotivo e de construção civil, de maior valor agregado e sobre os quais “havia maior grau de dúvida” quanto ao potencial de recuperação em meio à pandemia, observou o analista. “O desempenho do varejo ampliado corrobora a visão de que o fundo do poço já passou”, disse Arbetman, acrescentando que, para a PMC de maio, a maior projeção que havia visto para as vendas do varejo como um todo era de 11%. “Veio acima do topo das expectativas.”
“Hoje (nesta quarta) foi varejo na veia, o que se refletiu no avanço de ações como Natura (+6,04%, terceira maior alta do Ibovespa na sessão) e Vivara (+6,86%). Ajudou também a alta de 3,4% no preço do minério de ferro em Qingdao (China), que impulsionou as ações da Vale (+1,69%) e das siderúrgicas (CSN, +3,84%). Para complementar, os bancos, de grande peso no Ibovespa, andaram bem (Bradesco PN, +3,41%). “Como se vê, há muito entusiasmo para testar os 100 mil pontos logo”, disse Márcio Gomes, analista da Necton.
Na ponta do Ibovespa, Braskem subiu 6,51%, seguida por B3 (+6,09%). No lado oposto, CVC caiu 6,07% e Marfrig cedeu 2,28%.
CÂMBIO
No mercado de câmbio, o dólar comercial operou em baixa durante quase toda a sessão e encerrou o quarta-feira em R$ 5,347, com recuo de 0,71%.