A combinação de pouco combustível e a declaração do estado de emergência em uma aeronave Airbus sobre Medellín logo antes da queda do avião da Chapecoense podem ajudar a explicar o acidente que matou 71, na madrugada de ontem (29).
Instantes antes da queda da aeronave que transportava o time da Chapecoense, um Airbus da Viva Colômbia havia declarado emergência em seu voo e solicitado para a torre de Medellín a prioridade para descer no aeroporto da cidade.
O Airbus pousou em segurança, mas pode ter ajudado a forçar o avião da Chapecoense a rodar no entorno de Medellín à espera de autorização para aterrissagem.
A simples espera do avião em pleno voo, por si só, não é perigosa. Há procedimentos para que uma aeronave voe em círculos enquanto aguarda liberação. Segundo o sistema de monitoramento FlightRadar, o piloto que levava o time brasileiro cumpriu este procedimento, mas perdeu altitude e caiu.
No meio da aviação, também se especula se a capacidade de combustível da aeronave era suficiente para cumprir o trajeto entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Medellín. Informações ainda preliminares apontam que a aeronave dá conta de uma viagem entre as duas cidades sem folga. Ou seja, é possível que a aeronave tenha tido problemas com combustível.
A rota até Medellín somava 2.900 km, perto da autonomia da aeronave (3.000 km).
Segundo o diretor da Aeronáutica Civil da Colômbia, Alfredo Bocanegra, não havia sinal de combustível nos tanques. Porém, como o piloto declarou emergência ao controle de tráfego aéreo alegando problemas elétricos, é possível que tenha alijado combustível por conta disso.
Aeronave
O modelo do avião britânico é pouco conhecido na América Latina e não é mais fabricado desde 2002.
Com passagem por empresas grandes como AirFrance, British Airways e Lufthansa, hoje o Avro RJ85 é apenas usado em empresas regionais.
Essas características, porém, somadas ao fato de que pertencia a uma pequena empresa da Bolívia, a LaMia, não o tornam inseguro, segundo especialistas.
As questões a serem respondidas nas próximas semanas, dizem os técnicos, são duas: como era feita a manutenção da aeronave e como era o preparo dos pilotos.
“Esse avião, desde que tenha boas condições de manutenção, é seguro”, afirmou Marcus Reis, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Universidade Estácio.
Caixas encontradas
A Agência de Aeronáutica Civil, ligada ao Ministério dos Transportes da Colômbia declarou, no começo da noite, que encontrou as duas caixas-pretas do avião, ambas em perfeito estado.