Apesar das críticas, até mesmo de aliados, o presidente Jair Bolsonaro reiterou nesta segunda-feira (15) sua intenção de indicar o filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ao cargo de embaixador do Brasil em Washington. Em discurso numa sessão solene na Câmara dos Deputados, o presidente ironizou os ataques.
“Por vezes temos tomado decisões que não agradam a todos, como a possibilidade de indicar para a Embaixada nos Estados Unidos um filho meu, tão criticado pela mídia. Se está sendo criticado, é sinal de que é a pessoa adequada”, afirmou.
As críticas, contudo, partem até mesmo de aliados do governo, como o escritor e guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, e de militares. O general Paulo Chagas, candidato derrotado do PSL ao governo do Distrito Federal e próximo a ministros, publicou em sua rede social nota em que afirma discordar da indicação.
“Considero uma temeridade a consecução da intenção do presidente Bolsonaro de nomear o jovem deputado Eduardo Bolsonaro para o mais complexo posto da diplomacia brasileira, fora do Brasil”, disse.
O principal argumento dos que criticam a indicação é a falta de experiência de Eduardo para a função, considerada a mais importante missão diplomática do país no exterior e tradicionalmente ocupada por diplomatas de carreira. Também há dúvidas jurídicas se a nomeação poderia se caracterizar como nepotismo, emborao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido de não proibir a indicação de parentes para cargos políticos.
A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), afirmou ontem que Bolsonaro pode ter a indicação derrubada na Casa. Antes de ser nomeado, Eduardo precisará passar por uma sabatina e votação dos senadores. “Acho que ele corre sérios riscos de mandar (a indicação de Eduardo) para o Senado e ser derrotado. A votação é secreta. Não tem precedentes no mundo, em países democráticos”, disse.
Conforme mostrou O Estado de S. Paulo no sábado, dos 17 integrantes da comissão, responsável por analisar o nome do indicado, seis afirmaram ser contrários, sete se disseram favoráveis, três não quiseram comentar e um não se manifestou.
QUALIFICAÇÕES
Em nota lida nesta segunda pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, o presidente negou qualquer irregularidade na nomeação e enumerou as qualificações do filho para ser o representante brasileiro em Washington. “A eventual designação do deputado Eduardo Bolsonaro para embaixador do Brasil nos Estados Unidos é legalmente viável; ele detém a total confiança do presidente Bolsonaro e o acesso facilitado ao mandatário daquela nação amiga”, disse Bolsonaro na nota.