Após deixar um rastro de ao menos 265 mortes em três países do Caribe, a maioria delas no Haiti, o furacão Matthew ameaçava trazer à costa americana, hoje (7), “condições meteorológicas extremamente perigosas”, segundo o Serviço Meteorológico Nacional.
Na véspera, o órgão previa cenário apocalíptico para zonas na rota dos ventos de até 233 km/h. “Detritos lançados por rajadas extremas serão capazes de danificar estruturas, janelas desprotegidas e veículos” e causar “danos estruturais para prédios sólidos, com colapso de paredes e tetos”, além da “destruição completa de trailers” (lar para 20 milhões de americanos).
O presidente Barack Obama declarou estado de emergência no Estado, que abriu mais de 60 abrigos para moradores – como ginásios escolares cobertos por dezenas de colchões d’água – e na Carolina do Sul. Georgia e Carolina do Norte também estavam na rota de Matthew, que atingiu o pico de intensidade numa escala que chega a cinco, baixou para o nível três e subiu de novo para quatro – o que ainda faz dele o pior furacão na região em quase uma década.
Na ilha das Bahamas, já atingida, uma jornalista da rede MSNBC comparava a ventania local com a “sensação de se estar numa máquina de lavar”. Para quem estava na Flórida em 1992, outro “enfant terrible” vem à mente: o furacão Andrew, que deixou cidades sob escombros. O governo local lida ainda com aqueles que resistem à evacuação, como o surfista Milton Vass, 58. Em Juno Beach, uma vila praiana, disse que Matthew será “apenas outra grande aventura”.
As autoridades não veem motivo para festejar. Companhias aéreas cancelaram mais de 1.500 voos no período, segundo o site Flight Aware. Todos os parques de Orlando fecharão hoje. “A Festa Não-Tão-Apavorante de Halloween do Mickey está cancelada”, avisa a Disney.
De férias na cidade, Arthur Mazur, 15, conta que sua mãe está “bastante assustada”, mas diz que já se acha calejado em catástrofes: pegou uma das piores nevascas recentes, na Nova York de 2015, e estava na França quando o Exército tomou as ruas após um terrorista matar 84 pessoas com um caminhão, em Nice. “Compramos água, pão, macarrão, queijo e refrigerante”, disse o estudante pelo celular. Do mercado onde tentavam adquirir mantimentos, Mazur enviava fotos das prateleiras vazias.