
Fiat Toro trouxe discretas novidades no design, como o overbumper, espécie de para-choque de impulsão com quebra-mato embutido. Foto: Fotos: Luiza Kreitlon/AutoMotrix
LUIZ HOMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix
A ideia de lançar uma picape com chassi em monobloco de dimensões maiores que as das compactas e que pudesse atrair o consumidor das picapes médias não surgiu com a Fiat Toro. Quando a picape da marca italiana chegou ao mercado, em fevereiro de 2016, a Renault Duster Oroch, versão com caçamba do utilitário esportivo Duster, já estava há seis meses nas ruas. Porém, o sucesso da Toro foi tão imediato e estrondoso que acabou levando a fama de “inventora” do segmento. Dois meses após o lançamento, a picape desenvolvida pela Fiat no Brasil já tinha deixado para trás não só a Oroch como todas as picapes médias comercializadas no país, que têm chassis em longarinas e preços mais elevados.
Desde então, a Toro é superada nas vendas apenas pela compacta Strada, da própria Fiat. Na linha 2020, apresentada em julho do ano passado, a Toro trouxe discretas novidades, como a adoção de overbumper – espécie de para-choque de impulsão com quebra-mato embutido – e de multimídia com tela de sete polegadas.
Outra novidade está na versão intermediária Freedom, que passou a oferecer opcionalmente o pacote S-Design. Com os detalhes estilísticos do pack, a configuração a diesel da Freedom consegue singular mistura do jeito “fashion” típico das picapes urbanas com atributos off-road.
Externamente, a picape preserva as linhas contemporâneas e elegantes da época do lançamento. Na caçamba com capacidade para 850 litros, o acesso continua a ser dividido em duas portas, que se abrem em par.
A Toro Freedom introduziu no Brasil o conceito italiano S-Design – o S vem de “shadow”, que significa sombra em inglês. Só no final do ano passado, o pack S-Design chegou também às linhas Argo e Cronos. Por fora, faixas adesivas no capô e na tampa traseira da caçamba, emblemas e identificação da versão e motorização escurecidos criam nova identidade visual. A versão traz ainda santantônio e estribos em preto (normalmente, são cromados) e pintura cinza na capa dos retrovisores externos, grade superior dianteira e nas barras de teto. Para completar, as rodas também têm pintura escurecida.
O interior segue à risca o conceito S-Design e abusa do estilo “dark”, com forrações escuras nos bancos em tecido e couro, e volante e laterais de porta em couro com costura preta. Há até um tom específico de preto para a moldura da central multimídia, as saídas de ar, as alças das portas e aros dos alto-falantes. As logomarcas no interior também são escurecidas e os adereços cromados foram substituídos pelo preto fosco e cinza. Um botão giratório ao lado do câmbio permite escolher entre tração frontal, 4×4 ou 4×4 com reduzida. A versão Freedom vem com airbag duplo frontal – a única Toro com mais airbags é a Volcano (sete).
Sob o capô da versão Freedom 2.0 Diesel AT9 4×4 da Toro está o motor 2.0 Multijet II, já bastante conhecido no Brasil – é o mesmo usado nos Jeep Renegade e Compass. Tem duplo comando de válvulas, turbocompressor e intercooler, além de injeção direta Common Rail. Entrega 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm a partir de 1.750 giros e trabalha acoplado a caixa automática com nove velocidades.
Oferecida por R$ 146.990, a configuração a diesel da Toro Freedom fica R$ 4.500 mais cara quando acrescida do pack S-Design, totalizando R$ 151.490. Porém, esse preço só vale se o carro for vendido na cor Vermelho Colorado – as demais somam de R$ 1.500 a R$ 3 mil à conta.
Apesar de estar longe de ser uma picape barata, é uma das versões mais procuradas da linha Toro, não apenas pelo visual estiloso, como por se posicionar estrategicamente entre a básica a diesel Endurance (R$ 135.490) e as top Volcano (R$ 160.490) e Ranch (R$ 167.490).
Mesmo sem chassi em longarina, picape dá conta do recado no off-road
Na configuração 2.0 Diesel, a Toro perde o jeito de “carro de passeio” das versões flex e incorpora o barulho e a trepidação característicos das picapes com motores a diesel. Nesse “powertrain”, o destaque é o torque elevado disponível já em baixo giro, gerando agradável sensação de que jamais faltará força para transpor obstáculos. Nas ruas e estradas, o 2.0 turbodiesel, com 170 cv, também move a picape com autoridade. O eficiente câmbio automático de nove marchas tem trocas suaves e rentabiliza bem o trabalho do motor.
A estabilidade da Toro se aproxima à de um utilitário esportivo compacto – por sinal, ainda este ano, a Fiat lançará seu SUV derivado da Toro. As rolagens de carroceria da picape são discretas. As suspensões MacPherson na frente e multilink atrás ajudam a conferir rodar consistente, mesmo em velocidades maiores. Como em qualquer carro mais alto, a carroceria sacoleja um pouco nos trechos mais sinuosos. Porém, é preciso exagerar muito para que as assistências dinâmicas precisem entrar em ação. Nas curvas, a direção se mostra extremamente precisa.
Na hora de sair da estrada e encarar as trilhas, a tração integral – acionável por meio do botão giratório ao lado da alavanca do câmbio – torna a picape apta a encarar obstáculos, seja para o trabalho ou para o lazer. Evidentemente, o conjunto da Toro não tem a robustez e os recursos de mobilidade da suspensão oferecidas pelas picapes com chassi em longarinas, mas dá conta do recado nas situações lameiras menos radicais.
Por suas características, a Toro Freedom 2.0 Diesel AT9 4×4 S-Design cumpre seus objetivos: é estilosa e agrada ao público dos modelos esteticamente diferenciados sem abrir mão dos atributos off-road, que fazem parte das aspirações aventureiras dos donos de picapes, mas acabem sendo usados raramente.