DANIEL DIAS
LUIZ HOMBERTO MONTEIRO PEREIRA
AutoMotrix
Na luta para crescer dentro do competitivo mercado automotivo brasileiro, poucos se arriscam a inovar – criar produtos ousados, investir em características exclusivas ou buscar nichos inexplorados. De forma mais conservadora, a maioria opta por seguir as tendências do mercado, sem se importar em repetir as apostas da concorrência. No lançamento do Pulse, a Fiat claramente optou por nadar a favor da corrente. O utilitário esportivo compacto da marca italiana parte atrás para tentar “beliscar” as vendas da legião de rivais formada por Volkswagen T-Cross e Nivus, Jeep Renegade, GM Tracker, Hyundai Creta, Nissan Kicks, Renault Duster e Captur, Honda HR-V e WR-V, Peugeot 2008, Caoa Chery Tiggo 2 e 3X e Citroën C4 Cactus.
O Pulse estreia em cinco versões de acabamento e duas de motorização. Parte da Drive 1.3 manual, por R$ 79.990, seguida pela Drive 1.3 automática (R$ 89.990), Drive Turbo 200 (R$ 98.990), Audace Turbo 200 (R$ 107.990) e, por fim, a top de linha Impetus Turbo 200 (R$ 115.990).
Desenvolvido no Brasil e produzido em Betim (MG), o Pulse chega ao mercado apresentando o inédito motor turbo flex 200 com 130 cavalos de potência a 5.750 rotações por minuto abastecido com etanol, e 20,4 kgfm de torque de 1.750 a 3.500 giros com etanol ou gasolina, sempre associado à transmissão automática de sete marchas com opção de trocas sequenciais em abas localizadas atrás do volante.
Com esse conjunto motor-câmbio, o Pulse acelera da imobilidade a 100 km/h em 9,4 segundos, com velocidade máxima de 189 km/h com etanol. Um dos recursos que garantem o torque de 200 Nm (daí, o nome do motor) é o turbocompressor de baixa inércia da BorgWarner. O componente é dotado de válvula wastegate eletrônica, que se ajusta às demandas do acelerador de forma ativa, reduzindo o tempo de resposta e ampliando o controle da pressão no conjunto. O sistema de admissão tem volume reduzido, para tentar diminuir o turbo lag, como é chamado o tempo de resposta de motores turboassistidos.
Essas características são reforçadas pelo MultiAir III, sistema eletrohidráulico que faz o controle flexível das válvulas de admissão com o objetivo de manter o alto desempenho sem comprometer o consumo de combustível. O controle eletrônico também permite antecipar a abertura das válvulas de admissão na fase de escapamento, criando recirculação de gases que reduz os óxidos de nitrogênio vindos da combustão. Com isso, o Pulse chega ao mercado já atendendo às novas regras de emissões do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), que passarão a vigorar a partir do próximo ano.
Além do turbo flex 200, o Pulse conta nas versões de entrada com o motor 1.3 Firefly, com 107 cv de potência com etanol a 6.250 rpm e 13,7 kgfm de torque a 4 mil rpm. As configurações com esse propulsor recebem o câmbio manual de seis marchas ou o automático de sete.
O estilo italiano do Pulse nasceu do trabalho da equipe do Design Center South America da Stellantis, situado em Betim (MG). O para-choque elevado amplia o ângulo de entrada (o da frente), parâmetro fundamental para um SUV. A ampla grade frontal estampa o logo da marca com a “Fiat Flag” (pequena bandeira italiana estilizada) no canto inferior direito. Os faróis de LED são afilados, com friso de lado a lado que pode variar conforme a versão (cromado na top de linha). Abaixo, fica uma segunda entrada de ar, com nichos para os auxiliares de neblina, também de LED.
O jeito “musculoso” se mantém na lateral, com grandes arcos em torno dos para-lamas, rack longitudinal no teto e acabamento diferenciado sob os vidros. As rodas de liga leve de 17 polegadas têm desenho próprio nas diferentes versões, combinando com a suspensão elevada e o design do utilitário esportivo compacto.
Na traseira, as lanternas tridimensionais têm perfil elevado, como se fossem lâminas flutuantes. Em LED, são posicionadas para aumentar sua visualização por outros veículos. O desenho do para-choque favorece o ângulo de saída (o de trás), enquanto os elementos escurecidos, somados ao friso prateado na parte inferior, realçam o perfil de SUV.
O Pulse estreia duas cores, o Azul Amalfi e o Cinza Strato, que podem ser combinadas com o teto bicolor – preto ou cinza – na top de linha Impetus, e preto como item opcional nas demais, exceto a configuração de entrada.
Segundo a Fiat, o interior foi criado especialmente para o Pulse. O painel principal recebe tons prata e cinza. Os bancos em malharia ou em couro sintético têm costura aparente. A manopla de câmbio é adornada por uma borda prateada, mesmo tom usado ao redor dos comandos do novo volante com base reta – que, pela primeira vez, traz o logo script da Fiat e permite acessar várias funções, como ajustar o som, trocar as marchas por meio de borboletas e acessar o modo Sport na versão top de linha.
O SUV da Fiat traz também uma gama de equipamentos e recursos de segurança, reunidas sob a denominação Sistema Avançado de Assistência ao Condutor (ADAS), com base na nova plataforma MLA. Segundo a marca italiana, os faróis geram área luminosa até 32% superior à do principal concorrente do segmento. O ADAS inclui uma câmera posicionada na parte superior do para-brisa para acionar automaticamente o farol alto quando o Pulse estiver trafegando por vias com baixa luminosidade. Com o recurso de comutação automática dos faróis, a câmera é capaz de detectar outros veículos trafegando à frente ou em direção ao carro, desativando o facho alto para não ofuscar os outros motoristas.
Por meio dessa câmera, o SUV é capaz de “enxergar” as faixas de rolamento no asfalto, com o aviso de mudança. O carro pode ainda reduzir e até evitar colisões traseiras por meio da Frenagem Autônoma de Emergência (AEB). Caso o sistema perceba a aproximação, emite alerta visual e sonoro. Se o condutor não tomar uma atitude, o sistema aciona os freios automaticamente, sendo capaz de evitar colisões até 50 km/h.
Força na conectividade
Segundo a Fiat, seu primeiro SUV desenvolvido no Brasil teve o nome escolhido por uma votação via internet. O departamento de marketing da marca italiana salienta esse ponto para lembrar que o Pulse vem o “mais conectado possível”. Tudo começa pelo sistema multimídia, equipamento de série em duas versões, com tela flutuante de 8,4 polegadas ou 10,1 polegadas sensíveis ao toque. Ambas oferecem conectividade Android Auto e Apple CarPlay sem fio e recebem o Fiat Connect Me, a plataforma de serviços conectados da fabricante. Com a Connect Me, o cliente pode controlar os recursos do veículo por meio de seu smartphone, smartwatch ou usando o Google Assistant e o Amazon Alexa, tornando possível, por exemplo, abrir e fechar as portas do carro, acionar as luzes, buzina e aquecer ou resfriar a cabine com um comando de voz.
O Fiat Connect dá detalhes do hodômetro, do nível de combustível, da vida útil do óleo do motor e da quilometragem até a próxima revisão. É possível ainda entrar em contato com a concessionária mais próxima para agendar a manutenção periódica. Essas funcionalidades vêm pela conexão via internet do Pulse, feita por meio de chip virtual (eSIM) da TIM. Com a rede de dados, a atualização de software pode ser feita em qualquer lugar, usando uma conexão remota. O Pulse também compartilha o sinal de internet em uma rede Wi-Fi capaz de se conectar a até oito dispositivos. O aplicativo para smartphones permite ao motorista acompanhar o Pulse a distância, tornando possível programar alertas de velocidade e perímetro de rodagem caso o carro seja conduzido por outra pessoa.
Notificações automáticas são enviadas para o celular caso haja um possível furto do veículo, com disparo do alarme ou desconexão da bateria. Em acidentes com deflagração de airbag, pré-tensionamento de cintos ou capotamento, o SUV da Fiat aciona automaticamente o Call Center da marca, que contatará as autoridades públicas e repassará a localização exata do veículo com coordenadas de GPS e informações sobre a colisão para a prestação de socorro.
O auxílio a emergências pode ser ativado pelo condutor ou qualquer passageiro, por meio de botão no interior do veículo, central multimídia ou app, conforme a necessidade.