Levantamento realizado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) a pedido do Diário Regional revela a existência de déficit de 654 profissionais na Polícia Civil no ABC.
A insuficiência equivale a 33,6% do total de quase 2 mil agentes que deveriam compor o quadro das três seccionais da polícia na região (Santo André, São Bernardo e Diadema). Somadas, as três deveriam possuir 1.948 funcionários, mas só contam com 1.294.
Ainda segundo o estudo, faltam atualmente 271 carcereiros, 204 escrivãos, 208 investigadores e oito papiloscopistas, profissional especializado na identificação humana por meio da impressão digital (veja quadro abaixo).
O levantamento revela ainda o déficit de 273 profissionais na seccional de Santo André (responsável também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra), de 130 em Diadema e de 251 em São Bernardo (responsável por São Caetano).
O estudo tem como base a Resolução SSP 105/2013, que estipulava o número ideal de policiais para cada delegacia. A norma, porém, foi revogada em 2016 pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB) depois que a Justiça determinou que o governo contratasse servidores em Jacareí e Leme, onde faltam profissionais.
“A falta de investimentos na polícia judiciária, que é a única com competência constitucional para investigar crimes e embasar o inquérito policial com a formação de provas, resulta no caos na segurança que estamos vivenciado. Quando não se investe na polícia e se impede que trabalhe de acordo com sua potencialidade devido à falta de pessoal e equipamentos, o crime organizado cresce e a população se torna refém do medo”, afirmou a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou por meio de nota que o sindicato distorce dados e fatos para justificar uma tese equivocada. “O suposto déficit apontado leva em consideração cargos de carcereiros que foram extintos em razão do fechamento das carceragens em distritos policiais. Além disso, os investimentos em tecnologias realizados pelo governo do Estado ampliaram o atendimento à população, possibilitando maior agilidade no registro de ocorrências, além de auxílio em investigações”, diz o texto.
A pasta informou que, desde 2011, foram nomeados 303 policiais civis no ABC. Além disso, 140 novas viaturas foram entregues à Polícia Civil da região, com investimento de R$ 9,5 milhões. Também estão em andamento concursos para contratação de 2.750 policiais civis, todos com provas já realizadas.
ELEIÇÕES
De forma geral, Raquel entende que os dois candidatos ao governo do Estado que chegaram ao segundo turno – o governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito da Capital João Doria (PSDB) – têm propostas para fortalecer a atuação da polícia civil. “Porém, proposta só não resolve. É preciso implementá-las, de forma a permitir e viabilizar a atuação da Polícia Civil de acordo com sua potencialidade”, cobrou.
A Secretaria de Segurança Pública informou que, de janeiro a agosto ante o mesmo período do ano passado, houve melhora nos principais indicadores criminais do ABC, citando redução de 15% nos homicídios dolosos, 12% nos roubos, 17% nos roubos de veículos e 3,4% nos furtos.