“Fallen” é um filme honesto: a produção nunca tenta disfarçar que quer pegar o vácuo do sucesso da série “Crepúsculo”. Nos primeiros segundos do trailer, um letreiro avisa: “Da companhia que trouxe ‘Crepúsculo’ até você “.
Baseado no primeiro de uma série de quatro livros de Lauren Kate, “Fallen” tem mesmo muito a ver com seu antecessor.
Na base da trama, há um triângulo amoroso entre uma garota comum e dois seres sobrenaturais. No lugar do vampiro e do lobo de “Crepúsculo”, temos aqui dois anjos caídos.
A protagonista é Luce (Addison Timlin), garota de 17 anos enviada para o rígido reformatório Sword & Cross. Ali a jovem se sente atraída pelo arredio Daniel Grigori (Jeremy Irvine) e, ao mesmo tempo, desperta o interesse do rebelde Cam (Harrison Gilbertson) -sem saber que são anjos.
Além da trama, “Fallen” se aproxima de “Crepúsculo” em seu romantismo antiquado e esotérico -e na estética que o acompanha: cenas em câmera lenta, no lusco-fusco, com música grandiloquente.
Mas há também dados particulares no filme. O mais importante deles é o elemento espírita. Em dado momento, descobre-se que Luce envolveu-se com Daniel e Cam em diferentes encarnações.
Isso ajuda a explicar o sucesso dos livros de Lauren Kate no Brasil, o país mais espírita do mundo (dos 10 milhões de livros vendidos no mundo, 1,5 milhão foi para brasileiros). E deve facilitar o sucesso do filme por aqui.
Outro dado específico de “Fallen” é se passar todo em um reformatório -o que lhe fornece um repertório de arquétipos e clichês dos filmes de high school: a desajustada, a patricinha, o diretor severo etc.
Nada disso, porém, tira a sensação de um simulacro oportunista (ainda que assumido) de “Crepúsculo”, com a desvantagem de ter protagonistas menos carismáticos e de suas cenas de batalhas serem ainda mais precárias.
O sucesso dessa linhagem de livros e filmes permanece um mistério. Mas a explicação pode estar em seu caráter francamente regressivo.
Em um mundo que corre adiante aceleradamente, deve haver algum conforto em olhar para trás e se apegar a uma ideia antiga como um amor de vidas passadas.