
A queda na atividade econômica decorrente do isolamento social adotado para conter o avanço da covid-19 vai impactar fortemente as vendas do Dia das Mães, que é a segunda data mais importante do varejo, atrás apenas do Natal. Pesquisa realizada pela Universidade Metodista de São Paulo revela que, no ABC, a crise será sentida tanto no gasto previsto para a compra de presentes como na forma de adquiri-los.
Os entrevistados estão dispostos a gastar R$ 149, em média, na aquisição de presentes para a data, valor 31% inferior em termos reais (considerada a inflação do período), ao previsto no Dia das Mães do ano passado (R$ 210).
A Pesquisa de Intenção de Compras (PIC) revela também que 65% dos entrevistados pretendem adquirir os presentes pela internet, contra 10% a 15% em anos anteriores. Compras online e por meio de delivery são uma tendência devido ao fechamento do comércio não essencial e à recomendação dada à população para permanecer em casa a fim de evitar a contaminação.
Ainda segundo a pesquisa, o Dia das Mães terá fluxo comercial de R$ 93 milhões este ano nos sete municípios, montante 30% inferior aos R$ 129 milhões projetados em 2019. O pico da pesquisa, iniciada em 2012, foi alcançado em 2015 (R$ 141 milhões).
Outro efeito da pandemia do novo coronavírus sobre a data é a queda no número de homenageadas. Quase 30% dos entrevistados afirmaram que deverão presentear menos pessoas neste Dia das Mães ou sequer vão presentear alguém.
As principais homenageadas serão mães (61%), sogras (13%) e avós (11%).
“A queda na renda das famílias e o problema de logística com o fechamento do comércio explicam esse cenário”, afirma em nota o coordenador do Observatório Econômico da Metodista e professor de Ciências Econômicas da universidade, Sandro Maskio.
Artigos de vestuário (30%), perfumes/cosméticos (26%) e flores (10%) serão as opções mais escolhidas na data.
QUARENTENA
O varejo apostava na reabertura do comércio a partir de hoje (1º) para recuperar parte das perdas decorrentes da quarentena. Porém, o governo do Estado descartou qualquer possibilidade de flexibilização do isolamento social, previsto para ocorrer ao menos até 10 de maio.
O governador João Doria (PSDB) chegou a propor a alteração do Dia das Mães para agosto – quando, acredita-se, a pandemia já terá desacelerado. Porém, a sugestão não seduziu o varejo.
“Jogar a data para agosto fará com que concorra com o Dia dos Pais e, após meses de crise, a expectativa é de conjuntura econômica ainda mais negativa na ocasião, com previsão de alta do desemprego, endividamento e inadimplência das famílias”, avaliou a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP), que defende a reabertura gradual do varejo a partir do dia 11.
“No cenário de estabelecimentos fechados há um mês, poder abrir antes do Dia das Mães daria grande alívio ao comércio, mas tudo leva a crer que será uma data praticamente morta. Temos incentivado o comércio de rua a operar no delivery e sabemos que o eccomerce é uma tendência, mas são poucos os pequenos estabelecimentos com presença na internet”, afirmou o presidente da Associação Comercial e Empresarial (ACE) Diadema, José Roberto Malheiro.